Neste momento, a região conta com cerca de 29 mil camas. A perspetiva, segundo José Santos, é que, no horizonte da nova estratégia 2035, agora em discussão, o Alentejo possa atingir 70 mil camas. “É fácil de constatar que a região não pode funcionar com uma escola de hotelaria que se localiza em Portalegre. Também o Alentejo não pode ser a única região de Portugal que só tem uma escola de hotelaria”, afirmou o responsável, no final da terceira sessão do ciclo de conferências Construir o Turismo do Futuro.
“Nós sabemos que entre a decisão política e a concretização do investimento vai algum tempo. Portanto, é fundamental, dentro desta proposta do Governo de expandir o modelo formativo de turismo e das escolas de hotelaria, criar-se uma segunda grande escola de hotelaria e turismo no Alentejo”, frisou.
O responsável da ERT defendeu ainda como estratégia para 2035 a conectividade. “Cerca de 65% das nossas dormidas concentram-se em 12 concelhos. E eu estou a falar numa lógica territorial que abrange também os 11 concelhos da Lezíria do Tejo. Precisamos de desconcentrar os fluxos turísticos. Para isso, é fundamental melhorarmos as acessibilidades rodoviárias. Não podemos ter no Alentejo as únicas duas capitais de fluxos turísticos que não são servidas para a autoestrada, que é o caso de Beja e o caso de Portalegre”, disse.
Segundo José Santos, o turismo vive da acessibilidade das pessoas. “A questão da acessibilidade aérea, o aeroporto de Beja, pode, a médio prazo, desempenhar um papel relevante. A discussão é que ligações aéreas é que o aeroporto pode ter para servir à oferta turística da região. Esse assunto nunca foi pensado, está a ser por nós. E esperamos, no início do ano, ter uma proposta para apresentar ao Ministro das Infraestruturas e também ao Ministro da Economia”, referiu.
José Santos disse ainda que valoriza “muito a questão das estradas secundárias, porque o turismo da nossa região é um turismo itinerante”. “As nossas estradas secundárias oferecem paisagens absolutamente deslumbrantes, que os turistas, especialmente internacionais, gostam e que passam em autocaravana, em bicicleta. Os municípios não estão a conseguir, porque os fundos europeus não pagam esses investimentos, e percebe-se porquê, porque são investimentos de conservação”, defendeu.
“É muito importante que se pense, dentro do Orçamento do Estado e dentro da Lei das Finanças Locais, uma forma de se financiar aos municípios a conservação dessas estradas, que são muito importantes para a mobilidade das pessoas, para a mobilidade das pessoas que trabalham no turismo e para a mobilidade dos turistas que estão no Alentejo”.
Questionado sobre a possibilidade de Évora adotar uma taxa turística, José Santos referiu que a ERT participou na consulta pública que terminou a semana passada. “Creio que a taxa turística será uma inevitabilidade em Évora e aquilo que nós propusemos foi que, a exemplo do que já sucede em Lisboa, se possa criar um comitê de acompanhamento em que as comunidades locais, através das juntas de freguesia e os empresários, possam ter um papel participativo e um papel decisório, bem como a própria Entidade Regional do Turismo naquilo que são a afetação de verbas dos fundos provenientes da taxa turística, referiu.
Ainda de acordo com José Santos, se a taxa turística for aprovada deverá ser criado “um portal da transparência da taxa turística para que o empresário turístico, para que o eborense e para que o próprio turista saiba onde é que está a ser gasto a verba que ele aqui vai pagar”.
Já para o presidente da Câmara Municipal de Évora, Carlos Pinto de Sá, a taxa turística “é um instrumento que pode ter utilizações diversificadas”. “Nós neste momento já temos no mundo exemplos em que a taxa turística aumentou, de uma forma significativa, para contribuir para que haja menos turismo. Falei, por exemplo, na cidade de Dubróvnik, mas podia dar muitos outros exemplos, como Barcelona, em que a taxa turística já está a servir, não para regular, não para responder a impactos, mas para reduzir o turismo”, rematou.