“Portugal é parte da construção do KC-390 e é também beneficiário do lucro, o que mostra que é uma parceria muito boa, muito vantajosa e está demonstrado que esta aeronave cada vez mais é solicitada e querida por muitos países aliados”, afirmou.
As declarações foram feitas na Base Aérea n.º 11, em Beja, após uma visita à Esquadra 506 da Força Aérea Portuguesa, que opera os KC-390, acompanhado pelo ministro da Defesa da Suécia, Pål Jonson.
A compra de quatro aviões KC-390 por parte da Suécia, anunciada em abril, deverá render cerca de 45 milhões de euros a Portugal, parceiro da Embraer na construção destas aeronaves.
“O foco desta visita foi o KC-390 e a colaboração que podemos fazer em logística, mantimento e treinamento”, referiu o governante sueco, salientando ainda “oportunidades maravilhosas” da parceria com os portugueses.
Nas declarações aos jornalistas, o ministro português da Defesa disse que, no encontro com o seu homólogo sueco, o diálogo entre ambos não se limitou à aeronave KC-390 e envolveu múltiplas áreas, como “as novas necessidades geoestratégicas”.
Nuno Melo referiu que o “novo contexto geopolítico” obriga a “uma participação conjunta cada vez maior” entre países aliados.
“Há inúmeras áreas, no ar, em terra, no mar, em que os dois países podem olhar para o futuro com vantagem para o desenvolvimento de indústrias, criando postos de trabalho, principalmente, em áreas altamente tecnológicas”, frisou.
Questionado pelos jornalistas se a Suécia tentou vender os caças de fabrico sueco Gripen para substituir os F-16 da FAP, o governante respondeu que esse processo de substituição “não começou em Portugal”.
“A seu tempo, essa discussão terá de acontecer, porque todos os equipamentos nas Forças Armadas têm um princípio, um meio e um fim de vida”, realçou, frisando que, quando Portugal decidir substituir os F-16 “o mundo livre é o mercado”.
Já o ministro sueco observou que as relações com Portugal estão a mudar, lembrando que, há cerca de 19 meses, eram países parceiros, desde a entrada do país na NATO, são aliados e, agora, com a compra da aeronave da Embraer, estão junto no “Clube KC-390”.
“Estamos à procura de parcerias para avançar a produção industrial de defesa”, adiantou, anunciando que a empresa sueca Saab e a OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal assinaram hoje um memorando de entendimento.
O ministro sueco salientou que a Suécia está exposta “à agressão ilegal da Rússia contra a Ucrânia”, avisando igualmente para as movimentações dos russos no mar Báltico e no oceano Atlântico.
“É algo que nos uniu. Falamos sobre a proteção da infraestrutura crítica no mar e também sobre o nosso apoio para a Ucrânia”, sublinhou.
Sobre o aumento do investimento em defesa por parte da Suécia, o governante sueco lembrou que foi apresentado, há poucos dias, o orçamento que eleva o investimento nesta área para 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2023.
“Então, no próximo ano, estaremos com 2,8% do PIB e faremos o maior rearmamento da Suécia desde os anos 1950, por causa da agressão ilegal da Rússia na Ucrânia”, acrescentou.
Nesta visita à Base Aérea n.º 11, os ministros da Defesa dos dois países tiveram oportunidade de experimentar o simulador da aeronave KC-390, o único na Europa, e conheceram as oficinas de manutenção deste avião militar.
Texto: Alentejo Ilustrado/Lusa | Fotografia: Ministério da Defesa Nacional/D.R.











