O que vai ser a Cidade do Vinho 2025 e qual a sua importância para a região?
O que se pretende é que este título da Cidade do Vinho possa ser, em primeiro lugar, uma iniciativa que junte em linhas mais próximas toda a comunidade social, económica e empresarial ligada à fileira do vinho, e estamos a falar de uma fileira económica extensa que vai muito para além do que é beber um copo de vinho. Quer a montante, quer a jusante, há um conjunto de atividades económicas, mas também de índole cultural que contribuem muito para este valor significativo que o vinho tem na cultura e na economia do Alentejo. Portanto, eu diria que o primeiro objetivo é a celebração desta economia e desta cultura ligada ao vinho. E é muito importante aí a participação dos produtores mas também das comunidades. O vinho é um elemento cultural indissociável da vida do Alentejo.
E com impacto no turismo?
Um aspeto que nos interessa de sobremaneira, enquanto Entidade Regional de Turismo, é fazer desta Cidade do Vinho um argumento forte de atração de visitantes à região e de notoriedade destes cinco municípios. Destes municípios e, em geral, de todo o Alentejo, no sentido de atrair mais visitantes e tentar que as suas estadias sejam mais prolongadas. Refiro-me a visitantes não só do país, mas pelo menos também de Espanha. Estes dois objetivos, que andam juntos, acabam por ser o grande ângulo com que encaramos esta iniciativa e é por isso que nós [Turismo do Alentejo] estamos a participar ativamente nesse processo.
Acredita que o evento trará mais visitantes à região?
Estou empenhado em que isso suceda, e é por isso que a Entidade Regional de Turismo assumiu a coordenação da comunicação digital da Cidade do Vinho. Nós não somos responsáveis pela programação, essa é feita pelos cinco municípios, nós assumimos um papel de coordenação de ativação da comunicação, quer na comunicação digital, quer na relação com a imprensa nacional. O nosso papel vai ser o de comunicar/cuidar da melhor maneira os conteúdos, eventos e iniciativas que vão estar no programa e fazer delas “bom gancho” para se falar muito no Alentejo, e em particular nestes cinco municípios da Serra d’Ossa.
Para trazer mais turistas, claro.
Sim, em última instância contribuir para aquilo que está a dizer, para podemos ter mais turistas, mas também para que venham mais distribuídos ao longo do ano, e que eles possam sentir-se bem no Alentejo e, tanto quanto possível, que possam adquirir vá- rios produtos à nossa economia, não só o alojamento, não só a restauração, que são importantes, mas também o comércio, a compra do vinho ou artesanato.
O vinho já é impulsionador de turismo para estes territórios, e para o Alentejo em geral?
Claramente. Eu costumo dizer que a aliança entre vinho e turismo, para além de ser uma aliança forte na economia portuguesa, é particularmente importante no Alentejo. O vinho e o turismo são talvez a primeira “montra” da região e destes territórios vinhateiros. Depois, o vinho acrescenta muito valor à restauração, acaba por trazer muitos eventos, criar muitos conteúdos… a própria comunicação social também procura storytellers e muitas narrativas à volta do vinho. É um conteúdo que vende bem e para o qual há muito mercado internacional, sobretudo o norte-americano e o brasileiro, que escolhem o Alentejo muito em função do enoturismo.
Sendo que é também um sector em crescimento?
Bom, o vinho vem ocupando em todo o Alentejo um lugar de grande destaque. Há regiões que há 20 anos não produziam vinho, e agora produzem vinho muito bom. Hoje, os vinhos Alentejanos são os mais vendidos em Portugal, são os preferidos dos consumidores portugueses, e depois têm um destaque muito grande em vários países. É um produto também de internacionalização da região. Esta ideia, à qual a Cidade do Vinho é muito tributária, de ligarmos o vinho e tudo o que gravita à sua volta, ao lazer, a uma certa cultura hedonista, ligada ao prazer… esta é uma narrativa que a nós, enquanto Turismo, nos interessa muito e será certamente um dos ângulos de comunicação em que iremos investir nesta Cidade do Vinho.
A nível do enoturismo, parece-me evidente a falta de qualificação de algumas unidades. Há um Provere aprovado. Em concreto o que é que vai ser feito?
Há um Provere… é a aposta que fizemos. Tínhamos que escolher um recurso endógeno, um produto, e escolhemos o enoturismo. Hoje o grande passaporte de entrada de turistas internacionais da região, é o enoturismo. O que faz um cidadão de Singapura ou da Austrália deslocar-se a Avis, por exemplo? É o vinho. E quan- do um cidadão australiano está sentado numa adega em Avis, ou numa loja de enoturismo, quando está a provar um vinho, ele está a concretizar uma exportação. Ou seja, o que consegue levar turistas às zonas mais periféricas do Alentejo é o vinho. E a nossa aposta foi essa, com o objetivo de qualificar o sector. Entramos no Alentejo e não temos ainda a noção que estamos a entrar num território vinhateiro.