Quando César Franck (1822/1890) começa a lecionar órgão no Conservatório de Paris recebe uma classe em decadência, pouco avançada na execução do órgão e de fracos conhecimentos técnicos e analíticos da escrita musical contemporânea. Juntamente com o organeiro Aristide Cavaillé-Coll desenvolvem um órgão completamente novo, com um pedal desenvolvido que permitia a redescoberta e a execução das obras de J. S. Bach que se tornaram como repertório de base do currículo do conservatório de Paris.
A Bach juntava-se a análise das obras de Mozart, Haydn e Beethoven e dos grandes compositores românticos de referência tais como: Brahms e Schumann. Todas estas novas metodologias de Franck elevaram o nível técnico e composicional de Paris e da França tornando a prática do órgão de alto nível, facto que se mantem até aos nossos dias.
Liszt quando do falecimento da sua mãe em Paris assistiu às execuções e improvisações de Franck e ouviu o renovado conjunto de grandes órgãos Cavaillé-Coll parisienses e ao ter sido convidado a tocar responde de uma forma muito impressionada: «eu só estou habituado a tocar em órgãos de capelas pequenas», manifestando desta forma o seu espanto pela grandeza sonora e qualidade da música feita em Paris. Também Lizst escreveu três grandes obras para órgão altamente apreciadas e admiradas pelos seus contemporâneos parisienses.
O conservatório de Paris possuía um órgão Cavaillé-Coll de dois teclados em tudo semelhante ao órgão que hoje se encontra na igreja do Espírito Santo de Évora, sendo nestes pequenos modelos que possuíam as principais sonoridades do órgão romântico, que o organeiro se tornou famoso. Nesta classe do Conservatório de Paris formou-se Louis Vierne, grande compositor e executante de órgão.
São todos estes compositores que vamos poder ouvir no concerto agendado para Évora, numa simbiótica união interpretada por um organista francês de referência, Jean-Baptiste Monnot, que apresenta uma muito bem programada imagem do ambiente musical parisiense para órgão.
Nascido em 1984 em Eu, na Normandia, Jean-Baptiste Monnot é titular do órgão Cavaillé-Coll da igreja da abadia de Saint-Ouen, em Rouen, cidade onde organiza uma masterclasse internacional de Verão. Desde 2019 que desempenha o cargo de diretor artístico do Festival de Órgão Cavaillé-Coll. Do seu currículo internacional consta o projeto do Travel Organ, tratando-se de um órgão de tubos sinfónico transportável e modular, tornando-o num objeto itinerante. A interação entre o instrumento, o artista e o público estabelecem uma relação de proximidade, criando um novo conceito artístico no universo do órgão.
O FIOE é organizado pela Igreja de S. Francisco, em parceria com o Cabido da Sé e o Seminário Maior de Évora.