PUBLICIDADE

Órgão barroco da Sé de Évora volta a tocar no próximo domingo

O órgão barroco da Sé de Évora, instalado em 1758 e recentemente restaurado, voltará a tocar no próximo dia 9 de junho, pelas 18h00, no concerto do organista italiano Lorenzo Ghielmi integrado no primeiro Festival Internacional de Órgão de Évora (FIOE).

Desde a segunda metade do século XVI que a escrita musical na Catedral de Évora é assente nas bases do stile antico, evoluindo para o novo estilo de influência italiana, composto pelos mestres da Sé a partir de meados do século XVIII. Contudo ambos os estilos coexistiam e eram prática comum durante todo o século XVIII.

Nesta perspetiva histórica, o organista Lorenzo Ghielmi, apresentará um repertório baseado no estilo antigo instrumental, anterior à instalação do órgão, com peças de Frescobaldi, Storacce, Zipoli Gonelli, Storacce e Sammartini, e o novo estilo pós-barroco, que lhe é contemporâneo, juntamente com autores antigos da tradição ibérica, tais como Correa de Arauxo e Juan Cabanilles, no que a organização define como “uma simbiose entre passado e presente do repertório organístico barroco”.

Instalado em 1758, o órgão barroco da Sé de Évora foi construído por Pascoal Caetano Oldovino tendo o entalhamento da caixa sido entregue a Luís João Botelho, resultando “num dos mais importantes e esplendorosos trabalhos” do pós-barroco português. 

Trata-se de um dos mais caros produzidos por Oldovino, tendo custado a quantia de um conto de reis, “um instrumento de notável qualidade do material sonoro, executado com o mais alto requinte e os mais luxuosos materiais, do que resulta um instrumento com sonoridade de grande contraste, entre o aveludado e o imponente”.

A capela-mor da Sé de Évora, de gosto marcadamente italiano, é da autoria do arquiteto João Frederico

Ludovice (Johann Friedrich Ludwig), aprovada por D. João V e completada em fevereiro de 1718. Passados 26 anos, iniciaram-se os trabalhos da tribuna do órgão e a da tribuna real que se situa em frente, tendo a cerimonia de sagração da capela ocorrido a 22 de maio de 1746. 

O Festival Internacional de Órgão de Évora é organizado pela Igreja de S. Francisco – Paróquia de S. Pedro e tem como parceiros o Cabido da Sé de Évora e igreja do Espírito Santo, surgindo “na sequência lógica do avultado investimento feito na recuperação dos órgãos históricos por parte destas entidades”. 

O objetivo é que se constitua como um “grande evento”, no qual “todos os órgãos serão tocados por organistas de carreira sólida e de referência internacional e nacional”, visando ainda “divulgar o trabalho de jovens organistas com a possibilidade de manifestar a qualidade da sua arte”.

Construídos entre os séculos XVI e XIX, e com uma história que abrange 322 anos, os órgãos da cidade de Évora têm reconhecimento nacional e internacional. Refere a entidade organizadora do FIOE que, a nível nacional, “Évora assume extraordinária importância ao possuir o mais antigo conjunto de dois órgãos da Europa que datam de 1562 e que se encontram na Sé, um deles recuperado”. Existem também órgãos da escola Hamburguesa de Arp Schnitger que datam de final do século XVII e primeira metade do século XVIII, da autoria de Hulenkampf.

A cidade tem ainda um dos mais importantes conjuntos de órgãos do genovês Pascoal Caetano Oldovino, construídos para as mais significativas igrejas da cidade e quatro deles reunidos na igreja de S. Francisco. Por fim um órgão romântico francês de Aristide Cavaillé-Coll de 1884, que se encontra na Igreja do Espírito Santo. 

UM DOS “MAIS IMPORTANTES” ORGANISTAS DA ATUALIDADE

Considerado “um dos mais importantes organistas da atualidade”, Lorenzo Ghielmi tem dedicado anos ao estudo e à interpretação da música renascentista e barroca. É um dos grandes intérpretes das obras para órgão e cravo de Bach, tendo realizado concertos por toda a Europa, Rússia, Japão, Coreia e Américas, além de numerosas gravações radiofónicas e uma vasta discografia. Professor de órgão, cravo e música de câmara na Civica Scuola di Musica di Milano, publicou um livro sobre Nicolaus Bruhns, artigos e estudos sobre a construção de órgãos dos séculos XVI e XVII, sobre a interpretação das obras de Bach e de outros compositores do período barroco.

Fotografia: ©Turismo do Alentejo

Partilhar artigo:

edição mensal em papel

PUBLICIDADE

Opinião

PUBLICIDADE

© 2024 Alentejo Ilustrado. Todos os direitos reservados.

Desenvolvido por WebTech.

Assinar revista

Apoie o jornalismo independente. Assine a Alentejo Ilustrado durante um ano, por 30,00 euros (IVA e portes incluídos)

Pesquisar artigo

Procurar