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Eleições internas no PS. Os dias do Luís (e outras marcações)

Nas eleições do PS não se joga apenas a liderança. Alinhamentos internos visam marcar terreno para as próximas legislativas e autárquicas. Luís Godinho e Ana Luísa Delgado (texto) e Gonçalo Figueiredo (fotografia)

Uns, a maioria, por Pedro Nuno Santos. Outros, incluindo alguns notáveis, com José Luís Carneiro. A aceleração do calendário eleitoral, por força da dissolução do Parlamento e da saída de cena de António Costa, levou o PS a marcar eleições internas para os próximos dias 15 e 16 de dezembro. Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro somam apoios de dirigentes regionais do PS e de autarcas, sendo que estas “são muito mais do que eleições internas”, na expressão de fonte partidária. “O que está em causa são alinhamentos, nem sempre evidentes, a pensar nas próximas legislativas e também já nas autárquicas”, acrescenta.

O caso mais paradigmático será o de Luís Dias, atual presidente da Federação Distrital de Évora do PS e da Câmara de Vendas Novas, onde se encontra a cumprir o terceiro e último mandato. Está desde a primeira hora com Pedro Nuno e no horizonte tem a perspetiva de vir a liderar a lista de candidatos a deputados pelo círculo de Évora nas legislativas antecipadas para o próximo mês de março. Sublinhando que tem ainda “dois anos de mandato pela frente” em Vendas Novas, Luís Dias considera “extemporâneo” estar a falar da lista de deputados e recorda que essa escolha nem sequer depende das Federações: “Não adianta fazer futurologia. Se ganhar o José Luís Carneiro será ele a indicar o cabeça de lista. Se ganhar o Pedro Nuno Santos será ele a fazê-lo”. Estar do lado certo é a chave.

“O Luís Dias aproveitou muito bem este mo- mento para marcar o seu próprio espaço político, tanto mais que Capoulas Santos e Carlos Zorrinho estão do outro lado”, comenta um dirigente federativo. “Não haverá grandes dúvidas quanto à ordenação da lista de deputados, caso o Pedro Nuno Santos, como parece muito provável, venha a ser o próximo secretário-geral”, garante.

A seu favor joga também o anúncio feito pelo próprio Capoulas Santos, cabeça-de-lista por Évora nas últimas três legislativas, que não será recandi- dato a um novo mandato. Ou seja, mesmo perante uma hipotética vitória de José Luís Carneiro a janela de oportunidade de Luís Dias mantém-se aberta.

“Não penso recandidatar-me. O cargo que neste momento desempenho, de deputado, desem- penho-o com muita honra. Penso que com o final deste mandato cessarei a minha participação em qualquer outro lugar político”, diz Capoulas Santos, um dos elementos do conselho estratégico que coordena a moção com que José Luís Carneiro vai concorrer às diretas no PS.

Assegurando não ter “nenhuma aspiração” ao desempenho de outros cargos, o deputado diz que este ciclo chega ao fim. “Acho que tenho um percurso de vida que responde por mim próprio, sinto-me realizado com aquilo que consegui fazer na política, mas não tenho nenhuma aspiração futura para além do termo do mandato que atualmente desempenho”.

A haver “clivagens internas”, analisa a fonte partidária, “não é provável que ocorram antes das legislativas, mas serão muito difíceis de evitar aquando das autárquicas”, num momento em que o mais provável é que o PS venha a renovar a lista à Câmara de Évora. O atual eurodeputado Carlos Zorrinho e o deputado Norberto Patinho estão entre os nomes “mais desejados” pela concelhia de Évora.

A “SOMBRA” DE PEDRO DO CARMO

No Baixo Alentejo, o presidente da Federação, Nelson Brito, está com Pedro Nuno e leva consigo a maioria das concelhias, incluindo as maiores (Odemira, Aljustrel e Almodôvar). Os apoios mais enfáticos de José Luís Carneiro são os do vice-presidente da CCDR Alentejo, Aníbal Reis Costa, e do presidente da Câmara de Beja, Paulo Arsénio.

Em público, Pedro do Carmo não toma posição, invocando o facto de ser presidente da comissão organizadora do congresso, mas internamente há quem garanta que “tem feito contactos a favor do Zé Luís”. Nas últimas legislativas, a Federação do Baixo Alentejo votou em Nelson Brito para cabeça-de-lista, mas a direção nacional optou por Pedro do Carmo. Com Pedro Nuno Santos em secretário-geral, sublinha a fonte, “sobem muito as probabilidades do Nelson Brito ser cabeça-de-lista”, acrescentando que estes alinhamentos internos “não podem ser desligados” das próximas autárquicas, sobretudo se Paulo Arsénio decidir não se recandidatar.

Já em Portalegre, tanto o ex-secretário de Estado do Planeamento e deputado, Ricardo Pinheiro, como o presidente da Federação estão com Pedro Nuno Santos, o que poderá reabrir as portas do parlamento a Luís Testa.

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