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Partidos de esquerda defendem reabertura do Parque de Campismo da Galé

O PCP, o Livre e o PAN apresentaram no Parlamento projetos de resolução nos quais propõem a reabertura do Parque de Campismo da Galé. Luís Godinho (texto)

O parque foi adquirido em 2021 pelo fundo imobiliário Discovery Land Company (DLC) com a intenção de ali criar um ecoresort de luxo, que apelida de “comunidade privada”, com a marca Mike Feldman, que tem como acionista George Clooney, entre outros investidores.

O Livre lembra que após a aquisição, a empresa “terá garantido” à Câmara de Grândola que seria mantida a atividade do parque, bem como os 38 postos de trabalho. “Não obstante, e apesar das garantias dadas, o parque de campismo foi efetivamente fechado a novos utilizadores”, adianta o Livre, lembrando o manifesto da Plataforma Dunas Livres, segundo o qual o investimento anunciado pelo DLC para aquela zona acontece “exatamente porque manteve este bom estado de conservação e riqueza da natureza, denegrindo a sua preservação a bem da economia do luxo”. 

Embora garantindo estar “impossibilitado” de intervir num projeto privado, o presidente da Câmara de Grândola, António Figueira Mendes, chegou a afirmar ser de “grande importância garantir que o Parque de Campismo da Galé se mantém em funcionamento – continuando a assegurar, de forma sustentável, o acesso universal ao lazer, bem-estar e qualidade de vida – num concelho que queremos que seja, cada vez mais, para todos”.

Segundo a Plataforma Dunas Livres, estão anunciados para a região “seis mega empreendimentos com dimensões superiores às localidades da zona, cinco novos campos de golfe, quatro resorts em cima de ecossistemas dunares, com diversas agravantes, entre outros ainda não conhecidos publicamente”. 

Todas estas infraestruturas levantam sérias questões de utilização de recursos naturais, como o consumo de água e de preservação da biodiversidade local – já que “as dunas e zonas húmidas ali existentes constituem um hotspot de biodiversidade riquíssimo, morada sensível de muitas espécies de flora protegidas a nível europeu pela Directiva Habitats da Rede Natura 2000 e paragem emblemática de avifauna” -, e de aumento das assimetrias sociais. 

Para o Livre, a concretizarem-se, estes investimentos causarão “graves danos sociais e ecológicos”, sendo “economicamente privilegiada uma suposta elite internacional, em prejuízo das atuais e futuras gerações de utilizadores daquele local”. Por isso, o partido quer que o Governo “desenvolva esforços” para que o Parque de Campismo da Galé reabra a campistas e caravanistas, que garante “o acesso público incondicional” à Praia da Galé e que “proceda proceda ao levantamento dos projetos aprovados e em processo de aprovação no eixo Tróia-Melides e, através das autoridades competentes, à avaliação da sua pertinência e necessidade, não desmerecendo o impacte ambiental e gestão de recursos hídricos da zona”.

Já o PCP refere “muitos destes empreendimentos turísticos são projetos com potencial interesse nacional”, figura criada durante o Governo liderado por José Sócrates e que continua a ser mantida, “para facultar à especulação imobiliária a possibilidade de ocupação de solos protegidos, adquiridos a custos baixíssimos porque se encontram muitas vezes incluídos em áreas protegidas, ultrapassando assim as disposições dos instrumentos de ordenamento território em vigor, que deste modo deixam de ser respeitadas, em benefício dos grupos económicos e dos fundos imobiliários”.

No seu projeto de resolução, os comunistas defendem a intervenção do Governo junto dos novos proprietários “no sentido de garantir o acesso da população ao parque”, bem como “o livre acesso à costa e às suas praias” e a “proteção e a conservação dos habitats e do ecossistema”.

No mesmo sentido vai outro projeto de resolução, subscrito pelo PAN. “Infelizmente o cordão dunar entre Troia e Melides já foi danificado, mas ainda vamos a tempo de travar este caminho de destruição e garantir a proteção das zonas que não foram ainda intervencionadas”, refere a deputada Inês Sousa Real, relembrando que muitas destas áreas já fazem parte da Rede Natura 2000 que deveria garantir a conservação da biodiversidade. 

“No nosso entender, isto deveria ser suficiente para garantir a não aprovação destes empreendimentos, mas tal não se verificou. Por isso, torna-se necessário exigir que estas zonas sejam devidamente protegidas e que a construção de projetos turísticos de luxo seja travada”, acrescenta.

A deputada do PAN recomenda ao Governo que “assegure a devida conservação e proteção dos habitats naturais” da península de Tróia e do cordão dunar entre Tróia e Melides, permitindo a intervenção nestas zonas “penas para esforços de conservação da natureza e dos ecossistemas dunares”, e que assegure a reabertura do Parque de Campismo da Galé ou a criação na freguesia de Melides “de um espaço alternativo para o efeito”.

Fotografia: arquivo/©pixabay

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