“Uma parte significativa, se calhar até a maioria, daqueles que, por esta ou por aquela razão, deram o seu voto à direita nas suas diferentes expressões serão também as principais vítimas das opções políticas da direita”, afirmou o líder comunista, no comício realizado em Baleizão, concelho de Beja.
Perante militantes e simpatizantes reunidos sob um sol escaldante, Raimundo defendeu que o PCP precisa também desses eleitores para “combater a direita” e “travar o que está em curso”.
A intervenção ocorreu no final das cerimónias de homenagem a Catarina Eufémia, promovidas pelo PCP, que assinalaram o 71.º aniversário do assassinato da ceifeira alentejana pelo regime do Estado Novo — um momento simbólico da resistência popular que Raimundo procurou ligar ao combate político actual.
Apesar de o partido ter voltado a ficar sem representação parlamentar pelo círculo de Beja — onde o Chega foi a força mais votada, elegendo um deputado, tal como o PS e a AD — o secretário-geral comunista insistiu que os resultados “não nos mandam abaixo”. Pelo contrário, sublinhou, aumentam a convicção de que é necessário construir “um caminho alternativo àquele que está instalado”.
Na freguesia de Baleizão, o Chega e a CDU empataram como forças mais votadas, com 143 votos cada, num cenário bem diferente do de 2024, quando o PS venceu ali. Ainda assim, Paulo Raimundo fez questão de sublinhar que, enquanto há quem veja o copo meio vazio, o PCP escolhe o caminho do combate: “Ou nos resignamos, ou vamos para cima deles. Ora, nós vamos para cima deles. Para cima da política.”
Na sua intervenção, o líder comunista evocou ainda “o inimigo” contra o qual há que resistir: “Todos aqueles que se empenham para que a vida da maioria continue amassada para que uns poucos concentrem os lucros do esforço de todos.”
Como exemplo, apontou os lucros da banca — “13 milhões de euros por dia” — e questionou: “É concebível uma coisa destas? Então, como é que as pessoas não estão chateadas, indignadas, fartas, desesperadas? Pois claro, isto assim não vai lá.”
Raimundo rejeitou que a resposta esteja à direita, pois essas forças “querem é que esta situação se aprofunde”. Por isso, afirmou, o PCP está presente “para resistir e para dar combate”.
“Os resultados eleitorais não legitimam a política contra a maioria das pessoas, contra os salários, contra as pensões, contra o Serviço Nacional de Saúde, contra a Segurança Social”, concluiu.
Em Baleizão, terra de resistência, o PCP quis deixar claro que não desiste. O passado inspira a luta do presente — e Paulo Raimundo mostrou que, para os comunistas, é tempo de “prova de força”.