“É naturalmente muito preocupante o que estamos a assistir no nosso território e, ainda hoje mesmo, vou questionar o senhor ministro da Agricultura [José Manuel Fernandes] sobre que soluções irá apresentar para solucionar este problema”, disse Pedro do Carmo, após ter visitado uma exploração pecuária no concelho de Castro Verde e reunido com a Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB).
Segundo o deputado do PS, é necessário que o Governo adote “medidas excecionais” para “uma situação excecional”. E explicou: “Se não houver realmente uma situação mais fortalecida, mais robusta, continuamos a ficar muito prejudicados no interior, uma vez que o desânimo dos produtores é muito significativo”.
Por isso, defendeu, tem de haver um apoio “para quem ainda resiste, para quem ainda tem rebanhos, para quem ainda cria gado e para quem ainda se mantém no interior do país”.
Nos últimos meses, têm sido muitas as explorações pecuárias afetadas pelo vírus da língua azul no distrito de Beja, o que levou, na passada quinta-feira, a Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (FAABA) a enviar uma carta ao ministro da Agricultura e Mar a reivindicar medidas de apoio para o sector.
Na missiva, a FAABA indicou que “a doença grassa com violência nas zonas que foram menos afetadas em 2024, embora também se manifeste de forma significativa nos efetivos acometidos no ano passado”. É o caso do território conhecido como Campo Branco, que abrange os concelhos de Castro Verde, Almodôvar, Ourique e parte do de Aljustrel.
Nesta área existem 240 explorações onde foi detetado o vírus da língua azul (ou febre catarral ovina), sobretudo o serótipo 3 da doença. “Temos animais com muitos abortos e muitos borregos mortos, o que vai afetar muito o rendimento das explorações no próximo ano”, confirma o presidente da AACB, António Aires, segundo o qual o quadro da doença na região, este ano, “é bem mais complicado do que foi no ano passado”.
“No ano passado, não tivemos nem a mortalidade nem a morbilidade que estamos a ter este ano”, alertou António Aires, que reconheceu existirem “milhares” de animais doentes só na zona do Campo Branco, embora não possua dados mais precisos.
“Os prejuízos são grandes”, continuou o presidente da AACB, que disse esperar “que haja uma sensibilidade por parte dos responsáveis políticos” para dar “uma ajuda aos produtores”.
A febre catarral ovina ou língua azul é uma doença viral, de notificação obrigatória, que afeta os ruminantes e não é transmissível a humanos.
Texto: Alentejo Ilustrado/Lusa | Fotografia: Arquivo/D.R.











