Fernando J.B. Martinho. A morte de um mestre da crítica literária portuguesa

O poeta, crítico literário e ensaísta Fernando J.B. Martinho morreu aos 87 anos, segundo anunciou a Casa Fernando Pessoa esta terça-feira, através de uma nota publicada na sua página de Facebook.

“A equipa da Casa Fernando Pessoa lamenta a morte de Fernando J.B. Martinho (1938–2025)”, lê-se na publicação, que recorda o percurso académico e literário do autor de “Tendências Dominantes da Poesia Portuguesa da Década de 50”, obra distinguida com o Prémio de Ensaio do Pen Clube Português (‘ex-aequo’).

Especialista em poesia portuguesa contemporânea, Martinho conciliou a carreira académica com a escrita e a crítica literária. Publicou dois livros de poesia — “Resposta a Rorschach” (1970) e “Razão Sombria” (1980) — e integrou diversas antologias, como “800 Anos de Poesia Portuguesa”, “Poesia 70” ou “Antologia da Poesia Portuguesa: 1940–1977”.

Natural de Portalegre, licenciou-se em Filologia Germânica e doutorou-se em Literatura Portuguesa pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), onde lecionou disciplinas como Teoria da Literatura e Estudos Pessoanos — área que ajudou a fundar e dirigir no âmbito académico.

Foi também leitor de Português nas Universidades de Bristol (Reino Unido) e Santa Bárbara (EUA), e desenvolveu vasta investigação sobre a literatura moderna e contemporânea em Portugal, bem como sobre as literaturas africanas de expressão portuguesa.

A sua atividade crítica estendeu-se a numerosas revistas nacionais e internacionais — “Colóquio/Letras”, “Vértice”, “JL – Jornal de Letras”, “Revista da Faculdade de Letras”, “Românica”, “World Literature Today”, entre outras — e a volumes coletivos como “Luandino: José Luandino Vieira e a Sua Obra” (1980) ou “Studies on Jorge de Sena” (1981). Colaborou ainda em obras de referência como o “Dicionário de Literatura”, coordenado por Jacinto do Prado Coelho, e o “Grande Dicionário de Literatura Portuguesa e de Teoria Literária”, dirigido por João José Cochofel.

Prefaciou obras de diversos autores de língua portuguesa, entre os quais Adolfo Casais Monteiro, António Ramos Rosa, Eugénio de Andrade, José Craveirinha, Francisco José Viegas ou Urbano Tavares Rodrigues.

Em 2004, coordenou, para o Instituto Camões, o volume “Literatura Portuguesa do Século XX”, assinando também o capítulo dedicado à poesia. Em 2015, recebeu o Tributo de Consagração da Fundação Inês de Castro.

Dois anos depois, coorganizou, com outros autores, uma antologia bilingue luso-alemã, “Às Vezes São Precisas Rimas Destas. Poesia Política Portuguesa e de Expressão Alemã” (1914–2014), publicada pela Tinta-da-China em colaboração com o Goethe-Institut Portugal.

Em 2022, publicou o seu último livro, “Aspetos do Legado Pessoano”, distinguido com o Prémio de Ensaio Jacinto do Prado Coelho.

Fotografia | Fernando Bento/Fundação Inês de Castro

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