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Presidente da CVRA contra “travão” a novas vinhas. Em 2020… nem tanto

Os dados são do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV). Em 2016, o Alentejo representava 43,35% das vendas no mercado nacional de vinhos (em valor). Em 2023 a quota de mercado caiu sete pontos percentuais, fechando o ano com 36,06%. Ainda assim, o presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) diz estar contra um “travão” à plantação de novas vinhas, conforme proposto pelo ministro da Agricultura. Em 2020 era a favor de “abrandar”. Luís Godinho (texto)

Todos os números do IVV apontam para uma redução da quota de vinhos alentejanos no mercado nacional. Tanto no que diz respeito à quantidade, como ao preço. Em termos quantitativos, em 2016, os vinhos produzidos no Alentejo representavam 43,67% do total nacional, percentagem que caiu para 34,85% em 2023. No mesmo período de tempo, e de acordo com a mesma fonte, em termos de valor, os vinhos alentejanos passaram de uma quota de mercado de 43,35% para 36,06%.

Já quanto ao preço médio por litro, e ainda de acordo com o IVV, o Alentejo fechou 2023 com um preço de 6,51 euros no mercado de distribuição e restauração, abaixo de outras regiões como o Douro (9,96 euros), Trás-os-Montes (7,45) ou Dão (6,68 euros).

Apesar destes resultados, o presidente da CVRA, Francisco Mateus, disse hoje ser à agência Lusa ser contra a intenção formulada pelo novo ministro da Agricultura, em entrevista ao “Público”, de colocar “travão” à plantação de novas vinhas.

“Acho que não temos vinhas a mais, nós podemos é, em determinados momentos, estar com um excesso de produção ou com um excesso de stock que tem a ver com anos melhores em termos de produção, tem a ver também com a diminuição de vendas”, disse Francisco Mateus, segundo o qual o alerta do ministro vai no sentido de “repensar” os efeitos das medidas existente para se conseguir um “futuro mais equilibrado em termos de produção da vinha e depois em termos de comércio”.

Na entrevista ao “Público”, o ministro José Manuel Fernandes defendeu a necessidade de criar um “travão” à plantação de novas vinhas, pois “caso contrário estamos a prejudicar todos e a deitar dinheiro fora”, na medida que se estarão a “dar recursos financeiros para plantar vinha e depois para arrancar vinha ou para o vinho ser destilado ou para coisas que vão contra a nossa alma e as nossas raízes”.

As declarações de Francisco Mateus à Lusa são, aliás, contrárias, ou pelo menos divergentes, das do próprio Francisco Mateus à revista “Grandes Escolhas”, em janeiro de 2020. “Tem havido, portanto, uma abertura para plantar novas vinhas. Mas entendo que agora a região tem de olhar muito bem para aquilo que tem, avaliar o potencial de crescimento que existe em termos de autorizações já atribuídas, e pensar na produção e no mercado”, disse na altura, concluindo: “Em tempos decidimos crescer, acredito que agora é tempo de abrandar, ou mesmo parar, para avaliar os dados disponíveis, fazer um balanço e tomar decisões”.

Na mesma entrevista foi mais longe. “Estamos a permitir que se aumente a área vitícola para mais 3.700 hectares”, disse Francisco Mateus, acrescentando que “isso significa que poderemos aumentar, no mínimo, 15 milhões de litros em produção. Ou seja, em 2023 o Alentejo poderá estar a produzir mais 15 milhões de litros do que 2014. E isto se, até lá, não forem dadas novas autorizações! Há que pensar nas adegas que têm de vinificar e armazenar esse acréscimo e no mercado que vai ter de o receber”.

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