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Presidente da República condecora Adalberto Alves com a Ordem da Liberdade

Poeta, escritor, arabista, também historiador e jurista, Adalberto Alves vai ser condecorado pelo Presidente da República com a Ordem da Liberdade. A informação foi confirmada pelo próprio à Alentejo Ilustrado. A cerimónia está marcada para as 14h30 do próximo dia 25 de Abril. Luís Godinho

Baixo-alentejano de convicções profundas, apesar de nascido e criado em Lisboa, Adalberto Alves nunca perdeu a ligação a Beja, terra da sua mãe, onde passava férias na juventude, e onde ainda assim mantém casa. E onde se desloca com frequência.

Quando passava os “eternos” verãos da sua infância e juventude na cidade de Beja, estava longe de imaginar a longa e profícua carreira enquanto advogado, poeta e arabista. Já escrevia alguns poemas, de amor naturalmente, rasgados na sequência de uma “crise existencial” no fim da adolescência. 

O primeiro livro, “Uma Obscura Visão”, é publicado em 1979 e, desde então, não mais deixou de escrever e publicar. Poesia mas também obras de divulgação do legado árabe e islâmico em Portugal e na cultural universal, como “As Sandálias do Mestre” (2001), o “Dicionário de Arabismos da Língua Portuguesa” (2013) ou a antologia “O Meu Coração é Árabe” (1987), em que foi tradutor – ou melhor, “transcriador”, como se autointitula – de poetas árabes do ocidente ibérico, do período islâmico medieval.

 Em 2008 foi-lhe atribuído o prémio Unesco- Sharjah para a Cultura Árabe, entregue a “indivíduos, grupos ou instituições que, através do seu trabalho e realizações notáveis, se esforçam para disseminar um maior conhecimento da arte e da cultura árabes”. 

Apaixonado pela poesia de outro notável nascido em Beja, Al Mu’tamid, não esconde o desgosto de ver inacabado e praticamente esquecido o mausoléu do “poeta do destino” na cidade de Beja: “Nem um terço do que estava previsto foi executado”.

“Eu nasci em Lisboa, mas a minha família materna é toda ela de Beja, todos os meus tios e primos são de Beja. Ia sempre passar as férias de verão em Beja, onde tenho recordações desde a mais tenra infância… Tenho lá casa, na Rua da Mouraria. Conhece a minha casa?”, perguntou-me numa entrevista recente. Que não, não conheço, foi a resposta, ainda que tenha sublinhado que se a casa era na Rua da Mouraria estaria, talvez, predestinada a ser sua. “Foi escolhida por se situar nessa rua, adquirida numa das minhas idas a Beja. A casa do meu avô situava-se nas proximidades do antigo posto de trânsito, logo à entrada da cidade”, respondeu. 

Também não é fortuita a atribuição da condecoração no dia em que se assinalam os 50 anos da Revolução de Abril. Adalberto Alves fez activa oposição ao regime salazarista e advogou no Tribunal Plenário, em defesa de presos políticos, tendo-lhe sido vedado, até ao 25 de abril de 74, o acesso à Função Pública. Também devido a esta sua faceta, na próxima terça-feira, dia 23, a partir das 15h00, será homenageado pela Ordem dos Advogados, em conjunto com outros juristas que igualmente se empenharam no combate ao Estado Novo.

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