A associação ambientalista lembra que a construção da Barragem do Pisão “levará à perda de mais de 50 mil azinheiras e sobreiros em 481 hectares de azinhal, sobreiral e de montado”, bem como à galeria ripícola da Ribeira de Seda, “com todos os ecossistemas a serem destruídos, sem que o estudo tenha avaliado alternativas de localização ao projeto da barragem”.
“Este processo”, acrescenta, “está feito ao contrário, pois primeiro adjudicaram a construção da Barragem e depois é que vão tratar da aldeia. As pessoas e a aldeia são deixadas para o fim”.
Entre “o pior” de 2024, a Quercus de Portalegre inclui ainda o “mau cheiro” em Casa Branca (Sousel), resultante da poluição de duas barragens, a instalação de “grandes centrais solares” provocando “o corte indiscriminado de floresta e a degradação dos solos” e, sobretudo, a expansão dos olivais superintensivos no Alto Alentejo.
“Concelhos como Elvas, Avis, Fronteira, Campo Maior ou Évora, continuaram, em 2024, a ser alvo da instalação de novas monoculturas intensivas e superintensivas de olival, sem um fim à vista, e a situação poderá mesmo agravar-se, caso avance a construção da Barragem do Pisão, no Crato”, adianta a Quercus, sublinhando que “a maioria das previsões aponta para existirem, num futuro breve, cada vez mais carências ao nível dos recursos hídricos disponíveis nas zonas a sul do Tejo”, pelo que “será muito questionável a aposta que está a ser feita nestas culturas de regadio, complementadas com utilização regular de fertilizantes químicos de síntese e produtos agrotóxicos”.
“Mais grave se torna a situação quando a expansão destas culturas é feita à custa de floresta autóctone, base da biodiversidade local, ou com o sacrifício de olival adulto e tradicional, bastante mais bem adaptado às realidades locais”, adiante.
Também na lista dos “piores do ano” encontra-se o “surto sem precedente da doença da língua azul que afetou milhares de ovelhas” e que a Quercus de Portalegre diz resultar do “aumento da temperatura”, que está a beneficiar o desenvolvimento dos insetos vetores da doença. “No passado os surtos desta doença ocorriam a cada 20 anos, prevê-se que em meados deste século haja surtos a cada cinco ou sete anos. O aquecimento global favorece assim o desenvolvimento dos insetos vetores da doença”.
Quanto ao melhor do ano, a associação destaca o anúncio do encerramento da Central Nuclear de Almaraz, a iniciar-se em 2027, a construção em Monforte de uma central para produzir biogás a partir de subprodutos da extração de azeite, como as águas ruças e o bagaço de azeitona, e a distinção dos municípios de Avis e de Alandroal com a bandeira verde da Associação Bandeira Azul da Europa.
“Essa atribuição foi condicionada à avaliação do seu desempenho, através de indicadores de sustentabilidade, sendo um estímulo e uma responsabilidade para o fortalecimento de ações continuadas que visam a elevação da sua qualidade ambiental e educacional”, conclui.