De acordo com o administrador-delegado da Repsol em Portugal, Armando Oliveira, “já está tudo preparado” para o novo projeto de biometano, gás renovável, quimicamente semelhante ao gás natural, mas produzido a partir de resíduos orgânicos – como estrume, restos agrícolas ou alimentares.
No entanto, ainda não arrancou porque há outros investimentos em curso, nomeadamente a nova fábrica de reutilização de polímeros e a instalação de painéis solares, que condicionaram a concretização do calendário, explicou à margem da apresentação da nova imagem da empresa. “Há um conjunto de investimentos que, por vezes, ganham prioridade sobre outros”, afirmou, antecipando, no entanto, o arranque da produção para 2026.
No que toca ao hidrogénio, avançou que também têm em curso um projeto e estão a analisar a possibilidade da extensão do serviço a Torres Novas. “Estamos a estudar quase a arte da NASA porque é tudo novo”, observou, explicando que se trata de um processo de inovação gradual. “É tudo uma aprendizagem passo a passo”, reforçou. Ainda assim, está confiante que haja novidades concretas também no próximo ano.
A produção em Sines integra a aposta da empresa na reconversão das refinarias para combustíveis 100% renováveis, como o HVO (óleo vegetal hidrotratado), obtido a partir de resíduos agrícolas e orgânicos combinados com hidrogénio verde produzido por eletrólise com energia solar. “O que estamos habituados a ver como uma refinaria vai transformar-se radicalmente”, assinalou.
A Repsol, que se apresenta como o maior produtor ibérico de combustíveis renováveis, diz estar focada numa transição tecnológica “justa e inclusiva”, que combine várias soluções. “O puzzle final da energia vai ser feito de várias peças”, defendeu, referindo-se à coexistência dos carros elétricos, do diesel renovável, do hidrogénio e de outras alternativas.
Questionado sobre o aumento da concorrência dos postos de serviços ‘low cost’ em Portugal, o gestor reconheceu que o segmento tem o seu espaço, mas destacou que mais de 35% dos clientes da Repsol optam pelos produtos de maior qualidade.
Segundo Armando Oliveira, os combustíveis aditivados ou 100% renováveis têm custos de produção mais elevados, refletidos no preço final.
Já sobre o impacto dos conflitos geopolíticos na evolução dos preços dos combustíveis, “vivemos tempos tão perturbados que fazer futurologia é um erro”, considerou, lembrando que os combustíveis são ‘commodities’ cotadas internacionalmente e, por isso, fortemente expostas a fatores externos. “Já demonstrámos que conseguimos sobreviver até nas circunstâncias mais complicadas”, acrescentou, lembrando a pandemia de covid-19.