Há vários acasos na vida de Richard Brendt que justificam a exposição dos seus trabalhos na galeria do Centro de Estudos de Cultura, História, Artes e Patrimónios (Cechap). O primeiro de todos, talvez o fundador, foi a descoberta da vocação para a criação artística do próprio autor.
“Estava em Paris, pode ver a foto aqui atrás, tinha um pequeno tripé comigo e queria fazer uma fotografia, digamos normal, da Torre Eiffel. Então usei o zoom, descobri o quão maravilhoso é o movimento da câmara e isso foi o começo. Depois comecei a procurar objetos iluminados e faço isso o tempo todo”, diz o fotógrafo.
A técnica que utiliza não é difícil de explicar. “Abro a lente por 10 ou 20 segundos, utilizo o zoom e movo a câmara no tripé. Daí este resultado Toda a imagem é desenhada com a câmara, o computador serve apenas para fazer alguns cortes”, acrescenta.
Resolvida a questão técnica, avancemos para o segundo acaso. Deu-se a circunstância de Richard Brendt se ter aventurado numa grande viagem de autocaravana por Portugal, que o conduziu às pedreiras de mármore. “Marquei uma visita guiada à Rota do Mármore. Como estive lá em maio, era o único participante na excursão extralonga”. Daí surgiu a ideia de expor o seu trabalho na região, ainda que tenha pensado mostrar detalhes das construções alentejanas.
Tem uma coleção delas, de Beja a Portalegre, “são detalhes, não gosto de cartazes”, mas acabou por trazer fotografias tiradas noutras partes do mundo, da tal imagem icónica da Torre Eiffel, a fotografias do metro de Berlim, do Museu de Linz ou do Festival da Luz de Frankfurt.
“A seleção de fotografias aqui apresentada”, dizem as curadoras Ana Cravo e Conceição Cordeiro, “é realizada sobre ambientes de algumas cidades da Europa em que o autor enfatiza uma estranha paridade entre o arquitetural e o maquinal em movimento, ainda, entre espacialidades exteriores de natureza tecnológica e urbana”.