Há uma luz ao fundo do túnel da insolvência em que “mergulhou” a empresa do comendador António Silvestre Ferreira. De acordo com informação avançada este fim de semana pelo “Jornal Económico”, o grupo espanhol Lucas de Múrcia irá assumir a maioria do capital do Vale da Rosa.
O jornal escreve que o grupo fundado em El Raal (Múrcia) por Manuel Lucas González “ficará com a maioria do capital” do Vale da Rosa, sendo que António Silvestre Ferreira manterá “uma posição minoritária” na empresa.
Depois de entrar em Processo Especial de Revitalização (PER), em resultado de uma dívida à banca na ordem dos 17 milhões de euros, o Vale da Rosa chegou a entrar em negociações com o fundo de capital de risco da Crest Capital, gerido pelo Banco Português de Fomento, terá igualmente avaliado a possibilidade de uma parceria com outro grupo espanhol, o De Prado, presente em Beja, mas a opção final terá recaído no grupo Lucas.
Sublinha o “Jornal Económico” que se trata de “uma boa notícia” para os bancos, sobretudo para o BPI, que encabeça a lista de credores. Além dos 17 milhões de euros em dívida a bancos portugueses, que motivaram o recurso ao PER para evitar o encerramento da empresa, em dezembro do ano passado o Banco Bilbao Vizcaya avançou igualmente com um processo de execução no Tribunal de Beja contra a Vale da Rosa e António Silvestre Ferreira, num montante superior a 820 mil euros, já tendo sido nomeado um agente de execução.
A operar no sector hortofrutícola espanhola, o Grupo Lucas foi fundado em 1970 por Manuel Lucas González, dedicando-se à produção e comercialização de uma ampla variedade de frutas e vegetais frescos, tanto no mercado interno espanhol como em mercados internacionais. A empresa explora cerca de 2500 hectares, incluindo olivais.
O Vale da Rosa havia anunciado um volume de vendas na ordem dos 19 milhões de euros em 2023, ano em que vendeu 4500 toneladas de uva sem grainha, com um crescimento das exportações na casa dos 30%. A Jerónimo Martins era então o maior cliente, mas tudo mudou no final do ano passado.
“Fechou-nos a porta à boca da campanha. Há 25 anos que lhes fornecemos uvas”, disse António Silvestre Ferreira, em entrevista ao jornal “Negócios” em outubro de 2024, quando a perspetiva de insolvência se começava a desenhar. Com créditos acima de um milhão de euros encontram-se diversas entidades bancárias, sobretudo o BPI, mas também o BCP, o Montepio, o Novo Banco, a Caixa Agrícola do Guadiana Interior e o BBVA.
A empresa explora 280 hectares de vinha, produzindo 13 variedades de uva de mesa com e sem grainha. Na altura das vindimas dá trabalho a cerca de um milhar de pessoas.