Enquanto vereadora da Coligação Estremoz com Futuro, em oposição, iniciei um conjunto de visitas às freguesias do concelho, a cuja iniciativa chamei de “Vereação Aberta” e que teve como objetivo avaliar o estado do concelho e perceber as maiores dificuldades das pessoas. Tal como na cidade, há muito por fazer e raras foram as promessas cumpridas.
O abandono do património edificado, ex libris da cidade, é um exemplo da inércia do executivo camarário. Tudo o que cai assim fica. Muralhas, muro de suporte da Capela N. Sr. dos Inocentes, muralha do castelo de Veiros, um muro de suporte em Évora-Monte, e até o gradeamento do Largo do Pelourinho, já para não referir a propriedade privada do Município, que nem isso requalifica.
Em Santa Vitória do Ameixial, a villa romana está cheia de mato e ali jaz uma vedação e um contentor degradado, além da sinalética decrépita. De 1 a 26 de julho vão retomar as escavações arqueológicas e, por isso, lá cortam as ervas, uma vez no ano.
A Estrada do Ramilo está intransitável. Mas no boletim municipal de março deste ano consta que a obra está concluída e a estrada arranjada. Não. A pior parte do troço mantém-se, e em reunião de Câmara o presidente acabou por o afirmar e reconhecer. Há pessoas a perder negócio porque não conseguem comprar uma carrada de palha para os animais porque os motoristas de tratores e os camiões se recusam a transitar naquela zona.
Na habitação foram recentemente assinados entre os municípios e o Governo 83 contratos e termos de responsabilidade e aceitação dos municípios para construir habitação acessível, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Destes, foram assinados 24 contratos com municípios do Alentejo.
Estremoz não assinou nada. Não avançou. Porquê? Segundo o presidente, estamos na fase de contratação de equipas de projeto. A dois anos do fim do prazo de execução, estamos na fase de contratação de técnicos… e tínhamos oito milhões de euros para investir em habitação. Com este andamento, esses oito milhões de euros não serão executados.
E a requalificação e reconversão do chamado Mercado do Peixe? O Executivo assumiu que o faria com recursos próprios da Câmara, mas não sai do papel. E o presidente não se compromete com datas… “Estamos fazendo”.
Mas a prioridade do Município é a reestruturação da orgânica porque é aí que residem os males… a um ano de eleições autárquicas e com férias dos funcionários à vista, sem plano estratégico nem fundamentação que justifique, sem qualquer impacto financeiro nem identificação de sectores críticos, e na ausência de qualquer demonstração de benefícios, o presidente da Câmara entende fundamental aumentar significativamente os cargos de dirigentes e chefias, sem qualquer ponderação.
Votei contra. A inércia do Município não reside na sua orgânica mas na incapacidade de quem lidera resolver os problemas das pessoas.