Tapetes de Arraiolos mais perto de serem Património Imaterial da Humanidade

A Câmara de Arraiolos entregou à Comissão Nacional da Unesco a candidatura dos genuínos tapetes de Arraiolos à inscrição na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade.

Em comunicado, o Município revelou ter entregado “toda a documentação” da candidatura denominada “Processo de Confeção do Tapete de Arraiolos” à inscrição na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade.

“Após uma boa avaliação prévia, o avanço do processo”, ou seja a apresentação da candidatura ao Comité do Património Mundial da Unesco, “fica dependente de uma decisão da Comissão Nacional”, assinala a autarquia.

A Comissão Nacional da Unesco irá agora definir “o momento em que, entre as várias candidaturas portuguesas em análise, deverá ser apresentado o processo”.

Este momento, diz a autarquia, representa o culminar de um longo trabalho “de investigação, estudo e desenvolvimento de medidas de salvaguarda”, que incluiu a realização de entrevistas na comunidade e de um documentário.

A presidente da Câmara de Arraiolos, Sílvia Pinto, lembra que a confeção desta tapeçaria “é um património de séculos” deste concelho, realçando que a candidatura pretende valorizar esta arte “É o município proponente, mas é uma candidatura da população do concelho de Arraiolos e das suas bordadeiras”, sublinha.

A autarca refere que o processo de candidatura abarca “propostas de salvaguarda do saber-fazer”, como a realização de ações de formação sobre “não só o ponto tradicional, mas também o ponto pé-de-flor” e de promoção e valorização dos Tapetes de Arraiolos.

“Lançar o desafio a artistas da atualidade para se envolverem também é algo que já vimos a fazer e que entendemos que é uma mais-valia”, adianta, aludindo a outra das propostas incluídas no caderno de candidatura.

Sílvia Pinto lembra que o Tapete de Arraiolos já tem um centro interpretativo no centro da vila, que, além da exposição desta tapeçaria, tem espaços socioeducativo e de exposições temporárias e permite ao visitante experimentar a sua confeção.

Ainda de acordo com a presidente do Município, o dossiê conta ainda com um estudo da autoria do historiador José Calado, que “fundamenta claramente que Arraiolos é o sítio onde o tapete teve o seu início”.

Questionada sobre o número de bordadeiras de tapetes de Arraiolos ainda em atividade no concelho, a autarca responde que existe “à volta de 100 pessoas que sabem fazer o tapete do início ao fim”.

O processo de confeção do Tapete de Arraiolos foi inscrito no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, em 2021.

Do Tapete de Arraiolos, bordado a lã sobre tela, conhecem-se referências já desde os finais do século XVI (1598), com origem na vila alentejana com o mesmo nome, povoada no princípio do mesmo século por mouros e judeus, expulsos da mouraria de Lisboa pelo rei Manuel I.

Segundo investigações históricas, as famílias ali fixadas encontraram abundantes rebanhos de boa lã e diversidade de plantas indispensáveis ao tingimento e fabrico das telas onde são manufaturados os tapetes, empregando a técnica do ponto cruzado oblíquo, denominada “Bordado de Arraiolos”.

Texto: Alentejo Ilustrado/Lusa | Fotografia: D.R.

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