O edital da insolvência indica que o Tribunal Judicial da Comarca de Évora declarou a ACDE insolvente na passada sexta-feira, tendo sido nomeado Sandro de Oliveira Martins para administrador de insolvência e fixado em 30 dias o prazo para a reclamação de créditos.
No pedido de insolvência,foram identificados como credores dois bancos, uma antiga funcionária, o Instituto da Segurança Social e a Agência para o Desenvolvimento e Coesão.
Sandra Dourado, que preside à comissão administrativa da ACDE, criada após a demissão da última direção eleita no início deste ano, indicou que o pedido de insolvência resulta de dificuldades financeiras da associação. “Sabendo o histórico da ACDE, que as receitas não eram suficientes face às despesas, e não havendo projetos e associados [suficientes] para pagarem contas, foi decidido em assembleia-geral pedir a insolvência”, referiu.
Para este desfecho, destacou a responsável, contribuiu ainda a pandemia de covid-19, que dificultou a participação de empresas em projetos da ACDE, o que obrigou a associação a devolver verbas de apoios concedidos.
Segundo Sandra Dourado, entre as dívidas da associação, aquela que tem o valor mais alto, na ordem dos 500 mil euros, tem como credor o banco Millennium BCP. “Durante quase ano e meio, tentámos vender o prédio [da sede da ACDE] e não apareceu nenhum comprador. Se o tivéssemos conseguido vender, a receita dava para pagar ao Millennium BCP e a outros fornecedores”, o que permitiria à associação “continuar viável”, lamentou.
Localizado em plena Praça do Giraldo, considerada a ‘sala de visitas’ de Évora, o edifício da sede da ACDE está ainda à venda por 1,3 milhões de euros. “O comércio está muito diferente, temos lojas de grandes marcas que não precisam de uma associação para nada e o comércio tradicional está muito envelhecido e não há lojas novas a abrirem que necessitem de uma associação”, considerou.
Fundada no dia 20 de julho de 1890, ou seja, há quase 135 anos, a ACDE, que, nos primeiros anos, teve outras designações, chegou a ter cerca de mil associados no distrito de Évora, distribuídos pelos setores do comércio, turismo e serviços.
Em 2001, por despacho, foi declarada Instituição de Utilidade Pública, devido ao mérito da ação desenvolvida no setor comercial da região, defendendo os direitos e interesses dos comerciantes do distrito.