PUBLICIDADE

Turismo no Alentejo regista melhor ano de sempre

O ano de 2023 bateu todos os recordes no que ao turismo diz respeito, fechando com mais de 1,6 milhões de hóspedes e 3,3 milhões de dormidas. A procura está sobretudo concentrada em três concelhos: Évora, Grândola e Odemira. Atrair investimento para outros territórios é um dos desafios. Luís Godinho e Ana Luísa Delgado (texto)

Os números são do Instituto Nacional de Estatística: o turismo no Alentejo fechou 2023 com mais de 1,6 milhões de hóspedes nas várias tipologias de unidades hoteleiras. É o melhor resultado de sempre, superando 2019, o ano antes da pandemia de covid-19, quando tinham sido acolhidos na região cerca de 1,5 milhões de hóspedes.

É no Alentejo Central que se concentra a maior procura turística, com o registo de 594 mil hóspedes, número que apesar de representar 37% do total ainda está aquém do de 2019, sendo que, sem surpresa, se destaca o concelho de Évora, onde se hospedaram em 2023 mais de 413 mil pessoas. Segue-se o Alentejo Litoral (523 mil), o Alto Alentejo (258 mil) e o Baixo Alentejo (230 mil).

“Foi o melhor ano turístico de sempre”, diz o presidente da Entidade de Turismo do Alentejo e Ribatejo, José Manuel Santos, destacando o facto de o Alentejo ter sido o destino turístico que “mais cresceu” nas dormidas de portugueses, com um aumento na ordem dos 7,8%. “A média de crescimento no mercado nacional foi de 2,1%, o que significa que o Alentejo está a ganhar cota de mercado aos outros destinos. Isso é bom, porque tem muito a ver com a nossa estratégia de desenvolver e consolidar esta relação cada vez mais próxima entre os portugueses e o Alentejo”, acrescenta.

Visto de outro parâmetro, o do número de dormidas, José Manuel Santos lembra que na região [integrando a Lezíria do Tejo] foram registadas mais de 3,3 milhões de dormidas. “É um novo recorde e um valor muito significativo à nossa escala, pois em 2022 a região vendeu cerca de três milhões de dormidas”. Trata-se de um crescimento na ordem dos 10%. O que permitiu recuperar para os níveis de pré-pandemia, ainda que a procura tenha sido mais impulsionada pelo mercado interno do que pelo externo, cujo crescimento face a 2019 foi de apenas um por cento.

Em relação ao número de dormidas, as posições invertem-se: com o Alentejo Litoral a vender 1,2 milhões de dormidas, mais 200 mil que o Alentejo Central. No Alto Alentejo foram contabilizadas 455 mil e, no Baixo Alentejo, quase 433 mil.

“O ano passado ainda não tínhamos recuperado em termos de hóspedes estrangeiros para níveis antes de 2020. E este ano conseguimos”, congratula-se o presidente do Turismo do Alentejo, acrescentando um outro número: “Tivemos um resultado muito significativo do ponto de vista dos proveitos, um aumento de 16% das receitas em comparação com 2022 e de quase 50% em relação a 2019”.

Trata-se de uma “progressão significativa” do peso económico do setor, medida também pelo crescimento da tarifa média por quarto. Neste indicador trata-se mesmo do “terceiro destino do país com valores mais elevados”, o que significa que o Alentejo “está a conseguir vender a um preço mais alto para mercados mais exigentes, e isso também qualifica muito o nosso destino”.

Apesar da solidez do crescimento registado de ano para ano, há desafios que subsistem, como o facto de a procura estar essencialmente concentrada em três concelhos: Évora (que registou em 2023 um total de 695 mil dormidas), Grândola (437 mil) e Odemira (358 mil). “De facto”, reconhece José Manuel Santos, “a procura está muito concentrada, há ainda uma concentração significativa das dormidas em poucos concelhos”.

Daí o “esforço” no alargamento da procura a todo o território, sendo que isso apenas sucederá com “mais oferta turística no interior, nomeadamente no Baixo e no Alto Alentejo” e numa aposta mais robusta ao nível da internacionalização. “Esse é um índice ainda baixo, 33% das dormidas são de cidadãos residentes no estrangeiro, percentagem mais alta em Évora e no Alentejo Litoral. Só há uma forma de conseguir esse objetivo, é criar mais oferta e condições para que essa oferta se possa instalar noutros concelhos”.

O presidente do Turismo do Alentejo assegura que estão a ser desenvolvidas iniciativas nessa sentido, destacando os roteiros de investimento: “Vamos apoiar as Câmaras Municipal no sentido de as ajudar a atrair investimento hoteleiro, essencialmente nos concelhos em que há mais dificuldades em criar oferta turística”.

Por outro lado, prossegue, “há também trabalho em curso para alargar as redes de produto às zonas de região com menos procura”, ainda que também estas tenham vindo a registar um aumento do número de hóspedes e de dormidas. “É uma situação de partida que é diferente nos vários subterritórios e é um propósito nosso garantir que esse processo se torne mais harmonioso e mais equilibrado”.

Os roteiros que refere, destinados à criação de unidades de alojamento, visam igualmente aproveitar o investimento feito pelos municípios na melhoria dos espaços públicos, criação de infraestruturas desportivas e de juventude, equipamentos culturais, bons arranjos paisagísticos e qualidade ambiental. Investimentos que, no entanto, nem sempre resultam no aumento da oferta turística, seja a nível hoteleiro ou de restauração. “Para conseguirmos tornar esses locais em desti- nos turísticos precisamos de criar condições para atrair investimento”.

Um exemplo poderá ser o concelho de Monforte, “hoje completamente diferente do que era antes de 2013, quando ali abriu o Torre de Palma Wine Hotel. Estes investimentos têm uma grande capacidade de fazer mudanças e de recompor muito daquilo que é a economia e o tecido económico e social das regiões e das localidades”.

Assim, a partir de oportunidades identificadas pelas autarquias, nomeadamente a nível de imóveis, públicos ou privados, o Turismo do Alentejo está apostado em “suscitar o interesse de investidores, fazendo um ponto de encontro entre oferta e procura”, através da apresentação das potencialidades locais, das oportunidades de investimento. “Vamos estudar e fazer uma interme- diação entre câmaras e investidores, dando um aporte técnico muito especializado”.

O objetivo, assegura, “é atrair investimento” para territórios menos óbvios. “É muito fácil atrairmos investidores para Estremoz ou para Évora, para a Comporta, até mesmo para Beja, há aí uma dinâmica de crescimento hoteleiro, mas depois há alguns municípios que ficam marginalizados nesse processo”. Só para os próximos seis meses está prevista a abertura de uma centena de vagas para empregos em unidades hoteleiras que vão abrir na região.

O maior número de hóspedes e de dormidas resultou, naturalmente, no crescimento das receitas geradas pelo setor. “É muito extraordinário o Alentejo ter tido mais de 260 milhões de euros em receitas de alojamento”, desabafa José Manuel Santos, segundo o qual é necessário “trabalhar para que esses proveitos sejam melhor incorporados naquilo que é o tecido económico e social do território e para que possam traduzir-se em melhor criação de riqueza, mais emprego, mais oportunidades de mobilidade social nas pessoas que trabalham e que estão nas regiões”.

ATIVIDADE EM “FRANCO CRESCIMENTO”

O turismo no Alentejo em 2023 bateu recordes de procura, mas o setor, garante José Manuel Santos, continua em “franco crescimento e consolidação”. Apesar dos 260 milhões de euros em receitas de alojamento, o presidente do Turismo do Alentejo reconhece que esta “ainda não é a atividade económica mais pujante do território”, sendo que está a criar “cada vez mais emprego”, fruto da instalação de novas unidades turísticas.

Partilhar artigo:

edição mensal em papel

PUBLICIDADE

Opinião

PUBLICIDADE

© 2024 Alentejo Ilustrado. Todos os direitos reservados.

Desenvolvido por WebTech.

Assinar revista

Apoie o jornalismo independente. Assine a Alentejo Ilustrado durante um ano, por 30,00 euros (IVA e portes incluídos)

Pesquisar artigo

Procurar