“Apesar da sua presença visível, as propriedades fundamentais das poeiras atmosféricas continuam a ser pouco compreendidas, o que limita a capacidade dos cientistas em reproduzir os seus efeitos na atmosfera e no clima através de modelos”, diz Maria João Costa, professora do Departamento de Física e coordenadora científica do Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia para o Sistema Terra e Energia (CREATE), da Universidade de Évora (UE).
As poeiras são um fenómeno natural, que constitui um dos aspetos mais visíveis e detectáveis do transporte transfronteiriço de constituintes atmosféricos, com “um impacto significativo na visibilidade, na radiação solar e no clima global”.
Através deste projeto, a equipa de cientistas de vários países pretende colmatar o que classifica como “lacuna de conhecimento”, criando a primeira rede de doutoramento a nível europeu dedicada ao estudo das poeiras minerais atmosféricas, “através da combinação de especialistas na área e abordagens multidisciplinares”.
Segundo fonte da Universidade de Évora, “trata-se de uma aliança estratégica, internacional e intersetorial que reúne parceiros de renome, com o objetivo de impulsionar a inovação no entendimento das propriedades da poeira atmosférica e na previsão dos seus impactos socioeconómicos”.
No âmbito do Dust-DN será igualmente formado um grupo de jovens cientistas, “proporcionando-lhes a oportunidade de trabalhar dentro de uma rede de parceiros académicos e não académicos, por forma a abordar lacunas essenciais na investigação”.
Entre os objetivos da investigação estão o de compreender as propriedades e processos micro físicos das poeiras, e avaliar os impactos socioeconómicos das poeiras na saúde, na aviação e na produção de energia, bem como investigar este tipo de aerossóis no contexto do sistema climático global.
“Ao focar-se nestas áreas, o Dust-DN visa não só aprofundar o conhecimento científico, mas também proporcionar benefícios sociais através de previsões mais precisas e da mitigação dos efeitos adversos das poeiras atmosféricas nas várias áreas da sociedade, desde a saúde pública até à aviação e à produção de energia”, acrescenta a mesma fonte.
A UE considera ainda que a participação neste projeto “consolida a sua posição como um centro de excelência na investigação científica a nível europeu, contribuindo para a formação de uma nova geração de especialistas em áreas de grande relevância para os desafios ambientais globais”.