Venda da mina de Neves Corvo poderá ficar acima dos mil milhões

A venda da Somincor, concessionária da mina de Neves Corvo, poderá traduzir-se num encaixe financeiro superior a mil milhões de euros. A empresa foi posta à venda pelos canadianos da Lundin Mining. No plano político, o PCP quer saber que medidas serão tomadas pelo Governo para “assegurar a defesa dos interesses nacionais”.

O negócio da venda da Somincor poderá superar os mil milhões de euros. É este o valor avançado pelo jornal económico “Eco”, indicando que uma das empresas que apresentou uma proposta de compra foi a portuguesa Almina, que explora a mina de Aljustrel. 

A Lundin Mining está a conduzir o processo de venda em “absoluto secretismo”, escreve o “Eco”, adiantando não ter sido possível confirmar as empresas que passaram à segunda fase de negociações, num processo que está a ser conduzido pelo Banque de Montréal.

Dizendo não se pronunciar sobre o tema, a Somincor já havia confirmado estar no mercado, sublinhando que“as manifestações de interesse registadas decorrem da relevância internacional da operação e do potencial produtivo existente, em compromisso com os trabalhadores, a região e o país”.

Com o processo em curso, o PCP quer saber que medidas estão a ser tomadas pelo Governo para “assegurar o interesse nacional” e para “salvaguardar a defesa dos interesses” dos cerca de dois mil trabalhadores de Neves Corvo.

“Enquanto a Somincor vai tendo resultados anuais marginalmente lucrativos [1,5 milhões de euros em 2023],  e por isso vai pagando impostos relativamente modestos, a multinacional Lundin Mining prepara-se para realizar na venda um ganho de centenas de milhões de euros”, sublinha o deputado comunista António Filipe, sugerindo a existência de um “propositado desvio de receita fiscal do Estado português para outros destinos”.

Ainda de acordo com António Filipe, os trabalhadores “estão naturalmente preocupados, pois têm bem consciência dos perigos destas operações, quer para a estabilidade laboral, quer para a empresa, nomeadamente para que esta contribua, como pode, para extrair riqueza para o nosso país e para aproveitar ao máximo os recursos minerais nacionais”.

Até ao processo de privatização, em 2004, a Somincor era detida a 51% pelo Estado Português. “O facto do caderno de encargos da privatização nunca ter sido tornado público”, refere o deputado do PCP, “aumenta as dúvidas sobre a salvaguarda do interesse público perante um processo de venda que pode alterar estilos de trabalho, prioridades de extração e rentabilização”. 

António Filipe lembra ainda que a Somincor foi comprada, em 2004, por 128 milhões de euros, pelo que o valor da venda será substancialmente superior. “Esta imensa criação de valor será totalmente isenta de pagamento de impostos em Portugal, apesar de ser uma empresa portuguesa e os recursos mineiros portugueses quem joga o papel determinante na criação dessa riqueza”, conclui.

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