Foi uma ‘Alentejana’ de e para jovens: Luca Giaimi mostrou que Portugal é mesmo o seu país da sorte, ao sobreviver à perseguição do pelotão para, vindo da fuga do dia, triunfar em Évora, com o tempo de 03h11.22.
O italiano da UAE Emirates Gen Z, de apenas 20 anos, adiantou em dois segundos o pelotão, encabeçado pelo camisola amarela Noah Hobbs que, exultante, festejou juntamente com os seus colegas da equipa de formação da EF Education-EasyPost a sua primeira vitória numa corrida por etapas entre as elites – já tinha vencido duas provas, mas como júnior.
O britânico de 20 anos, que na etapa bateu o venezuelano Leangel Linarez (Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua), terceiro, também a dois segundos do vencedor, subiu ao pódio final ‘escoltado’ pelo argentino Nicolás Tivani (Aviludo-Louletano-Loulé), vice-campeão, a 12 segundos, e pelo colombiano Jesús Peña (APHotels&Resorts-Tavira-Farense), terceiro, a 13.
À partida para os 151,5 quilómetros entre Estremoz e Évora estava tudo por decidir na classificação geral, com os três primeiros separados por apenas sete segundos – o pódio não mudaria, apesar de todas as incidências da quinta e derradeira etapa.
Um grupo de 14 corredores, entre os quais Alexis Guerin (Anicolor-Tien 21) e Tiago Antunes (Efapel) – ambos no top 10 da geral -, adiantou-se ao pelotão ao quilómetro 40, conseguindo uma vantagem que nunca foi superior a dois minutos, graças ao trabalho da EF Education-Aevolo do camisola amarela.
Décimo primeiro classificado à partida para a derradeira tirada, Gotzon Martín (Euskaltel-Euskadi) lançou-se na luta pelos segundos de bonificação, sendo o primeiro nas três metas volantes e resistindo na frente da corrida quando a fuga se desmembrou, na companhia de Guerin e Giaimi, o jovem italiano da equipa de formação da ‘todo-poderosa’ UAE Emirates que venceu o Troféu Internacional da Arrábida há exatamente uma semana.
À entrada dos derradeiros cinco quilómetros, os três fugitivos ainda tinham uma vantagem de 40 segundos para o pelotão que, liderado pela equipa cor de rosa, não conseguiu melhor do que apanhar Martin e Guerin.
“Foi divertido, porque começámos cedo na fuga, que não estava a funcionar porque o grupo era demasiado grande. Separámo-nos a 70 quilómetros do final e, a três, demos tudo. (…) No final, fiz o meu melhor, porque gosto quando as chegadas são inclinadas. Quando lancei o sprint, olhei para trás e vi que tinha espaço. Estou super feliz pelo triunfo”, resumiu Giaimi.
Numa etapa percorrida a uma alucinante média de 47,375 km/h – os ‘miúdos’ das equipas de formação do WorldTour elevaram a fasquia da ‘Alentejana’ – e que acabou meia hora antes do melhor horário previsto, Hobbs ‘só’ conseguiu ser segundo, um resultado suficiente para suceder ao espanhol Eduard Prades no historial de vencedores.
Graças às bonificações, o camisola amarela, que também tinha vencido no terceiro dia, ainda aumentou a diferença para os perseguidores da geral, na qual Tiago Antunes foi o melhor português, na oitava posição, a 28.
O corredor da EF Education-Aevolo ganhou ainda a classificação por pontos e a da juventude, com o luso Pedro Pinto (Efapel) a ser coroado ‘rei da montanha’ e a portuguesa Rádio Popular-Paredes-Boavista a vencer por equipas.
Noah Hobbs mostrou-se feliz por “adicionar o nome” ao palmarés de vencedores da Volta ao Alentejo, no qual constam nomes conhecidos do ciclismo como os espanhóis Miguel Induráin ou Enric Mas. “Sabe muito bem subir ao pódio como vencedor. Foi muito renhido no final, mas é muito bom”.
Com apenas 20 anos, o britânico ainda está pouco acostumado a exprimir-se, recorrendo a frases curtas para manifestar as suas sensações. “Sempre acreditei nos rapazes, que me iriam ajudar, e estava forte hoje na chegada”, respondeu, ao ser questionado sobre se chegou a temer perder a amarela depois de alguns dos homens do top 10 da geral terem integrado a fuga do dia.
Noah Hobbs sucedeu no palmarés de vencedores da Volta ao Alentejo a Eduard Prades, inscrevendo o nome numa lista na qual se incluem Miguel Induráin, cinco vezes vencedor da Volta a França, ou Enric Mas, três vezes vice-campeão da Volta a Espanha.
“É sempre bom adicionar o nome ao palmarés. É uma ótima corrida, desfrutei muito”, reconheceu Bobbs, também vencedor da classificação por pontos e da juventude, assim como da primeira e terceira etapas.