“Falo da esperança”, disse João Grilo, logo no início do seu discurso de inauguração, ao evocar o sentimento que, segundo o autarca, mais precisava de ser devolvido à população de Juromenha. “Esse sentimento estava tão frágil e desgastado pelo tempo, pela inércia e por promessas adiadas, que promovê-lo em falso encerrava o risco enorme de o quebrar em mil pedaços antes mesmo de algo acontecer”.
A crítica à ausência de respostas durante décadas foi clara: “Tínhamos de conseguir. E o município tinha, de uma vez por todas, de assumir o compromisso e a liderança deste processo de transformação em vez de procurar responsabilizar outros”.
João Grilo destacou o simbolismo da obra e a urgência de colocar o património ao serviço da comunidade e do desenvolvimento local: “Depois de tantos e tantos anos de progressivo abandono, a fortaleza é devolvida à população e aos visitantes na primeira linha do futuro”, afirmou. “Fazemos as pazes com o passado, vivemos a alegria do presente e construímos pontes com o futuro”.
Apesar da dimensão do investimento no restauro do edificado, o autarca garantiu que o processo de recuperação da Fortaleza de Juromenha está longe de concluído. “Embora chegar aqui já seja um marco histórico, não podemos esquecer que nos sentimos a meio caminho”
O próximo passo será reabilitar o interior do monumento, através do programa Revive, que visa a recuperação e valorização de imóveis públicos devolutos com valor histórico, patrimonial e cultural, com foco no aproveitamento turístico e na atração de investimentos privados
“O sonho de devolver à fortaleza toda a sua dignidade só estará concluído com a intervenção em falta no interior”, disse o o autarca. Acrescentando: “Como fomos desafiados a fazer, entregaremos em breve ao Revive o estudo de arquitetura e engenharia aprofundado para definir o programa base que permitirá o lançamento de um concurso para a ocupação de parte do interior da fortaleza com um investimento de natureza turística de baixa densidade”.
João Grilo fez questão de sublinhar que essa futura utilização turística não comprometerá o usufruto público. “Não haverá surpresas para os potenciais investidores nem para os cidadãos. O uso público do imóvel é intocável”.
Centro interpretativo com tecnologia 5G
Na mesma cerimónia foi inaugurado o novo centro interpretativo da Fortaleza de Juromenha, que incorpora tecnologia 5G, no âmbito do projeto 5G.RURAL. “Este é um equipamento pioneiro na nossa região e no país”, afirmou o presidente da Câmara de Alandroal, dizendo trata-se de um exemplo do posicionamento estratégico do concelho: “Podemos ter ficado para trás em muitos processos do passado, mas queremos estar na linha da frente dos desafios do futuro”.
Na parte final do discurso, João Grilo recordou a herança de desvalorização a que o concelho esteve sujeito. “Desde 2017 que somos mobilizadores da tão desgastada esperança coletiva de um concelho forçado a ser último, a ser esquecido, a não ser notado. Algumas vezes por não ser ouvido. Tantas vezes por não se fazer ouvir”. E concluiu com uma mensagem firme: “Hoje, do interior das restauradas muralhas da Fortaleza de Juromenha, dizemos à região, ao país e ao mundo que a esperança e a confiança deste concelho estão mais fortes que nunca”.