Movimento protesta em Melides contra destruição da costa

Um movimento de cidadãos realiza, no domingo, uma ação de protesto na praia de Melides, em Grândola, contra a ocupação da zona costeira por empreendimentos de luxo e respetivos impactos ambientais e sociais.

Promovida pelo Movimento Reabrir a Galé, a iniciativa está marcada para as 10h30, naquela praia, coincidindo com a chegada dos atletas que participam na edição deste ano da Ultra Maratona Atlântica (UMA) entre Troia e Melides.

Diana Almeida, uma das porta-vozes do movimento, indica que o protesto visa “contestar as políticas de ocupação da zona costeira”, alertando que é uma área “muito frágil e sujeita ao avanço do mar”, devido à crise ecológica. “Os cordões dunares estão a ser ocupados por empreendimentos de luxo, que estão a esgotar os aquíferos e a fazer subir exponencialmente os preços da habitação, o que está a prejudicar a população local, que não tem acesso à habitação digna”.

Atualmente, segundo a responsável, há praias no litoral alentejano que têm o acesso restrito, em que muitas “têm tapumes de obras ou os condomínios fechados têm seguranças que pedem identificação às pessoas que têm coragem de se aproximar”. E acrescenta: “Estamos perante um desrespeito da lei nacional e, tanto a nível local, como nacional, há uma série de poderes instituídos que estão a privilegiar o acesso aos muito ricos a esta zona”.

Alertando que “a zona está a ser destruída”, Diana Almeida referiu que “o nível da Lagoa de Melides já está afetado, porque, ao lado está o investimento milionário do Costa Terra, que está a fazer provavelmente furos muito abaixo do nível oficial”.

“Estão a ser construídas minicidades com campos de golfe a 500 metros do mar. Estamos a falar de infraestruturas que precisam de irrigação constante, o que está a prejudicar a população local, nomeadamente na agricultura, e os ecossistemas”, argumenta.

A porta-voz do movimento lamenta que, de repente, este território tenha passado a ser de “acesso exclusivo” a meia dúzia de pessoas”. “Não podemos continuar a ignorar o impacto que todas estas práticas têm, não só agora, como nas gerações futuras”.

Entre outros aspetos, este movimento também advertiu para “a escalada do preço da habitação”, que afeta “drasticamente a demografia da região e o comércio local, descaracterizando as comunidades”.

O Movimento Reabrir a Galé ‘nasceu’ aquando do processo de encerramento do Parque de Campismo da Galé, também no concelho de Grândola, em 2021, depois de comprado pelo grupo norte-americano Costa Terra.

Uma fiscalização da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) às 22 praias entre Troia e Melides, na costa de Grândola, das quais 18 estão concessionadas, realizada este mês, detetou oito com acesso sem restrições, duas com acesso controlado, oito com acesso condicionado e uma com acesso interdito.

As restantes três praias não têm condições para ter infraestruturas, explicou fonte da APA, durante a apresentação dos resultados, numa conferência de imprensa, em Lisboa.

Relativamente ao acesso controlado, o Governo referiu que se trata de um acesso viário condicionado por passagens por propriedades privadas, geralmente no interior de empreendimentos turísticos, e estacionamento público disponível em número limitado.

Nessas praias, a tutela pretende que os operadores coloquem placas a informar a existência de acesso pedonal e colaborem na concretização de projetos para a disponibilização de estacionamento e acessos livres de condicionalismos. São exemplos dessas praias a Troia-Galé e a Galé Fontainhas.

No caso das praias de acesso condicionado, quer por questões territoriais ou pela ocupação turística, o objetivo passa pela construção de mais parques de estacionamento e de acessos pedonais públicos.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Partilhar artigo:

ASSINE AQUI A SUA REVISTA

Opinião

Caro? O azeite?

BRUNO HORTA SOARES
É p'ra hoje ou p'ra amanhã

PUBLICIDADE

© 2025 Alentejo Ilustrado. Todos os direitos reservados.

Desenvolvido por WebTech.

Assinar revista

Apoie o jornalismo independente. Assine a Alentejo Ilustrado durante um ano, por 30,00 euros (IVA e portes incluídos)

Pesquisar artigo

Procurar