Adega Cooperativa de Borba celebra aniversário com recorde de produção

A Adega Cooperativa de Borba registou dois anos consecutivos de produção acima da média, com quase 17 milhões de litros de vinho em 2024, num crescimento que coincide com as comemorações dos 70 anos da instituição e relança o debate sobre o papel e o futuro das cooperativas vitivinícolas no Alentejo.

Os dois últimos anos de produção foram “acima da média” para a Adega de Borba, no distrito de Évora, com quase 17 milhões de litros de vinho, 80% deles destinados ao mercado nacional. De acordo com o presidente da Adega Cooperativa de Borba, João Mota Barroso, “estes dois últimos anos estão acima da média” em termos de volume de produção para a instituição.

Habitualmente, a adega “em anos normais recebe 15 ou 16 milhões de quilos de uva e faz 12 ou 13 milhões de litros de vinho”. Mas, na campanha de 2024, João Mota Barroso a Adega de Borba recebeu dos seus associados “19 milhões de quilos de uva, o que dá 16 ou 17 milhões de litros de vinho”, tendência crescente que já vinha do ano anterior.

“Foi um ano excecional, tal como o de 2023”, sublinhou, aludindo ainda à qualidade, que “nunca está em causa”.

“Num panorama de muitos produtores e muitas parcelas, há sempre qualidades diferentes, mas as cooperativas conseguem sempre salvaguardar uma qualidade média [do vinho] bastante elevada”, esclareceu.

Com um volume de faturação que rondou os “15 a 16 milhões de euros” no ano passado, a adega vende cerca de 80% do que produz para o mercado nacional e exporta o restante. “Vendemos para uma série grande de mercados, aí para uns 30, mas os principais são o Brasil, os Estados Unidos e França”, indicou.

João Mota Barroso falava à Lusa no dia em que a Adega Cooperativa de Borba promoveu uma conferência, no seu auditório, para refletir sobre as particularidades da organização cooperativa no sector e os desafios do Alentejo para valorizar a sua Denominação de Origem enquanto marca coletiva.

O evento, com especialistas do setor vitivinícola, representantes de cooperativas de várias regiões e outros responsáveis do setor, integrou as comemorações do 70.º aniversário da Adega de Borba.

O presidente da Adega Cooperativa, fundada em 1955, lembrou que a criação da instituição, tal como de outras pelo país fora, foram incentivadas “pelo Estado Novo, em meados do século passado, para responder a uma questão de organização do setor vitivinícola”.

“Sobretudo para resolver um problema de agrupamento de produção, de transformação dessa produção em boas condições e para colocar essa produção no mercado em boas condições, porque a estrutura que havia era baseada em intermediários comerciantes e não oferecia garantias de uma distribuição correta do valor até ao viticultor”, contou.

Durante esses primeiros “30 ou 40 anos as adegas foram fazendo cada uma o seu percurso, umas com mais sucesso, outras com menos, mas todas no sentido de resolver este problema”, só que, atualmente, “o vinho é um produto já diferente”, continuou. 

“É um produto ligado a aspetos de valor que têm pouco a ver com a questão técnica e cujo valor pelo consumidor incorpora outras componentes menos tangíveis, que andam à volta da origem, da forma como é feito, da história que é contada, do protagonista e do ator que está por trás. Enfim, uma série de outras valências para as quais as cooperativas não foram desenhadas”, argumentou.

Por isso, no entender de João Mota Barroso, o desafio para o futuro das adegas cooperativas, que “já têm um produto do ponto de vista técnico com uma boa performance”, passa por terem “uma estratégia de comunicação” e “serem mais eficientes” em despertar o interesse dos consumidores, face aos produtores privados.

“O consumidor ainda não dá o justo valor ao produto das cooperativas e acha que a sua origem não é tão nobre como a de outros produtores privados. Está enganado, muitas vezes o que tem dentro da garrafa é igual ao que estava na cooperativa, mas não o vê assim e são as próprias cooperativas que têm que resolver este problema”, defendeu.

A cooperativa tem hoje 230 viticultores associados que cultivam cerca de 2.200 hectares de vinha, distribuídos por 75% de castas tintas e 25% de castas brancas.

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