Numa nota informativa, o organismo nacional que investiga acidentes aéreos indica ter aberto um processo para averiguar as causas do acidente, que provocou ferimentos graves ao piloto, sendo depois publicado um relatório final.
Na breve descrição da ocorrência feita neste primeiro documento, é já referido, contudo, que “a aeronave colidiu com dois dos três cabos de uma linha de média tensão posicionada perpendicularmente à trajetória”, confirmando assim o GPIAAF a informação dada no próprio dia pelo Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil do Alentejo Litoral.
No dia 29 de maio, é explicado, a equipa composta por um piloto, dois balizadores e dois carregadores planearam realizar uma sementeira por meio aéreo de cerca de 10 toneladas de arroz na zona de Alcácer do Sal, com uma aeronave operada a partir da pista agrícola da Batalha, no mesmo concelho.
Conforme apurou a equipa de investigação de aviação civil no local, por volta das 06:50, teve início o primeiro voo do dia, com uma sequência de 14 carregamentos, com cerca de 500 quilos cada, numa missão que se prolongou até perto das 11h30.
Para evitar o pico do calor, os trabalhos só foram “retomados pelas 14:20”, tendo sido realizadas sete cargas. Foi durante a oitava carga e, após a segunda passagem, que “ao ganhar altura”, a aeronave colidiu com os cabos. O piloto terá “perdido o controlo da aeronave, que se precipitou no solo silvado, a 82 metros do ponto de contacto”. Além dos “ferimentos graves para o piloto”, o resultado foi a “destruição da aeronave”.
A colisão causou também a destruição de “dois dos três cabos da linha de média tensão”, além de um pequeno incêndio quando tocaram no solo.
De acordo com o GPIAAF, a investigação em curso irá debruçar-se sobre o planeamento e procedimentos operacionais da missão de trabalho aéreo do operador.
No processo serão ainda analisados os componentes críticos da aeronave, o treino, a preparação e a experiência do piloto para realizar a missão, assim como a dinâmica do impacto da aeronave no solo e as condições de sobrevivência.
O organismo diz ter constatado que o piloto da aeronave “estava devidamente autorizado e certificado para realizar o voo”, não existindo “evidências de mau funcionamento dos sistemas que pudessem ter contribuído” para o acidente. “As evidências sugerem que o motor da aeronave estava a produzir potência no momento da colisão com os cabos” elétricos e que “a meteorologia para a área estava propícia à realização do voo”, sublinha.
No entanto, salienta, “o operador não reportou o acidente às autoridades conforme requerido pela legislação em vigor”.
Ao local acorreram as corporações de bombeiros locais e forças de segurança para prestar auxílio ao ocupante da aeronave.
Segundo a nota informativa, a investigação de segurança “visa unicamente identificar os fatores causais e contributivos envolvidos nos acidentes ou incidentes, com vista à eventual emissão de recomendações para prevenção e melhoria da segurança da aviação civil”.
O relatório final será divulgado após a conclusão da investigação e do procedimento de audiência prévia às partes relevantes.