Arqueólogos criticam abandono da ‘villa’ de Pisões e exigem plano urgente

De mosaicos danificados a acessos intransitáveis, o estado de abandono da ‘villa’ romana de Pisões, em Beja, leva o sindicato do setor a denunciar a ameaça de perda de um dos mais valiosos testemunhos romanos do país.

O Sindicato dos Trabalhadores de Arqueologia critica o encerramento ao público da ‘villa’ romana de Pisões, no concelho de Beja, e a falta de investimento neste sítio arqueológico, alertando para a sua degradação.

No âmbito das comemorações do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, que se assinala na sexta-feira, o Sindicato dos Trabalhadores de Arqueologia (STARQ) promoveu uma ação de se sensibilização da ‘villa’ romana, que está fechada ao público.

A ação contou com cerca de 15 cidadãos e trabalhadores da área e, no final, o presidente do STARQ, Regis Barbosa transmitiu a sua preocupação quanto à falta de proteção, conservação, valorização e investimento daquele sítio arqueológico.

“O quadro que saiu hoje daqui é muito negativo e deixou-nos preocupados, porque, se não houver uma ação, este sítio pode degradar-se e, daqui a algum tempo, podemos vir a perder muitos vestígios devido aos danos que este monumento sofre”, argumentou.

Além de a ‘villa’ romana estar fechada, o sindicato criticou a falta de investimento, nomeadamente para a constituição de equipas de trabalho e construção de infraestruturas, assim como o acesso “degradado” até ao local.

“Passámos por poças [de água] enormes e, com a quantidade de chuva que houve nestes dias e as intempéries a que este sítio, que não tem cobertura, está exposto, os mosaicos, os muros, o hipocausto e as termas que ali existem vão degradar-se muito rapidamente e, nos próximos anos, podemos ter muitos danos neste património”, alertou.

Para o presidente do STARQ, esta ‘villa’ é “muito preciosa” e precisa “urgentemente” de um plano de museologia e museografia, que sirva para que “as pessoas que a visitem não vejam só ruínas ou só vestígios”, mas que conheçam o monumento como um todo.

“Todo este trabalho tem que ser feito e esse trabalho não é feito sem pessoas”, vincou. 

Trata-se de um trabalho “que precisa de uma equipa com trabalhadores com vínculo e não só com voluntariado, com bolsas ou com trabalhadores precários. Este trabalho tem que ter pessoas que estejam a longo prazo”, afirmou Regis Barbosa.

Sem informação sobre os “trabalhos ativos” a decorrer no local, o sindicalista disse esperar agora respostas por parte da Universidade de Évora, entidade gestora do sítio arqueológico, e da Câmara de Beja quanto a possíveis “trabalhos de manutenção, conservação, valorização e constituição de um percurso museográfico”.

Ocupada no período romano entre os séculos I a.C. (antes de Cristo) e IV d.C. (depois de Cristo), Pisões foi descoberta em 1967 e é considerada um “importante testemunho” da presença romana no concelho de Beja, sendo “uma das mais originais ‘villae’ romanas da Península Ibérica”.

“Não é só um monumento importante para o distrito de Beja, é um monumento importante para o país inteiro e nós julgamos que, se herdámos um património destes, é necessário que tenhamos ações que possibilitem a sua conservação e divulgação”, concluiu Regis Barbosa.

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