Carlos Cupeto: “Cidade do Vinho_25”

A opinião de Carlos Cupeto, professor da Universidade de Évora

Abeirei-me do meu amado Tejo em Santarém, onde assisti à escolha dos Vinhos da Serra d’ Ossa (Estremoz, Borba, Vila Viçosa, Alandroal e Redondo) como Cidade do Vinho em 2025. A iniciativa é da Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV), que aproveitou a ocasião para inaugurar a nova sede nacional situada em Santarém, na Casa do Campino, a propósito das comemorações do seu 17.º aniversário.

Como as associações são as pessoas, é justo referir o mérito do incontornável José Arruda, o “culpado” de todo o sucesso da AMPV. Em Santarém cometi duas falhas; a primeira com o José Arruda, por não ter participado nos atos comemorativos; e a segunda por não ter bebido um copo com o Eng.º Abílio Valente, que muito me ensinou do Tejo e me distingue com a sua amizade.

Em boa verdade, o verdadeiro e maior desafio não foi ganhar esta oportunidade, é agora que a coisa começa com o enorme desafio de a concretizar. Desde logo houve o grande e raro mérito, na nossa terra, de somar e não dividir: “Vinhos da Serra d’ Ossa – marcas que deixam história”, associa cinco municípios. E agora?

Temos tudo, mas tudo, para dar certo e aproveitar esta grande oportunidade e assumir a responsabilidade para fazer de 2025 um ano marcadamente positivo para os vinhos do Alentejo. Muito mais que 2025, o objetivo tem de ser semear e deixar marcas que tracem e estruturem o caminho para o futuro. Desde logo porque Évora_27 é já agora.

Do “alto” da experiência de sucesso de quase 10 anos de “vinho arte & ciência” atrevo-me a gizar uma lista de tópicos que devem ser considerados, quase uma espécie de guião. Devemos ter bem presente que a coisa não é vender muito vinho, beber uns copos em bons sunset, ou tão pouco ter excelentes adegas de porta aberta. Também não se deve ficar pelo clássico enoturismo na região e no Alentejo.

Virá a propósito que, como me ensinou quem sabe (a Mariazinha), qualquer desenho de produto enoturístico deve assentar (agregar) em tudo o resto de turismo que já existe na região e que felizmente é muito e bom: o Castelo de Estremoz, bonecos figurativos, mercado, Paço Ducal em Vila Viçosa, fonte de Borba, Endovélico e castelos no Alandroal, Porta da Ravessa e Serra d’Ossa, em Redondo, são alguns exemplos.

Tópicos para uma magnífica Cidade do Vinho_25:

i. O excelente exemplo de Reguengos Cidade Europeia do Vinho 2015;

ii. O péssimo exemplo Cidade do Vinho 2024 (Santarém, Almeirim, Alpiarça e Cartaxo);

iii) Serra d’ Ossa, terra com vinho na história;

iv. Patrimónios com fartura e de grande qualidade (alguns em cima citados);

v. Localização – acessibilidade (eixo Lisboa – Madrid, ao lado da “metrópole” Badajoz, centro do Alentejo);

vi. Produtores sublimes (Júlio Bastos, João Portugal Ramos, Louro, Tiago Cabaço, Herdades das Servas, do Freixo, da Maroteira, da Cerdeira, etc., etc.);

vii. Adegas de Borba e Redondo;

viii. Universidade de Évora – Centro de Ciência Viva de Estremoz: vinho arte & ciência;

ix. Alentejo Ilustrado e Diário do Sul, atentos e disponíveis para o setor.

Só falta fazer bem.

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