Cruz Vermelha quer mandar idosos de Beja para Barrancos

Familiares dos utentes dos lares que a Cruz Vermelha se prepara para encerrar em Beja queixam-se de falta de alternativa. A que lhes deram, asseguram, fica em Barrancos.

António Lampreia, cuja mãe de 81 anos é uma das 33 utentes que ainda permanecem na casa de repouso Henry Dunant, um dos dois lares que a Cruz Vermelha se prepara para encerrar, diz que a única alternativa que lhe deram foi Barrancos. “As vagas [em lar] que aparecem disponíveis são para Barrancos”, diz o filho, dizendo-se “extremamente revoltado” com um problema que se arrasta há vários meses.

Entre Beja e Barrancos há 100 quilómetros de distância e a rede de transportes públicos é deficitária. “Meter um idoso destes em Barrancos é estarmos a virar as costas às pessoas de quem gostamos”, desabafa António Lampreia, ao microfone da Rádio Pax, durante um protesto que reuniu familiares de utentes e funcionários dos dois lares.

A Conceição Carvalho a única alternativa apresentada foi igualmente Barrancos. “A minha mãe está com um problema de saúde que se tem vindo a agravar e eu não tenho condições económicas, nem físicas, para ir todas as semanas a Barrancos”, diz Conceição Carvalho, garantindo não existirem alternativas mais próximo: “As instituições estão cheias, dizem-me que não há hipótese, que está tudo cheio, não nos resta nada”, lamenta, lembrando que existe um contrato assinado entre as famílias e a Cruz Vermelha e que é a este instituição que compete “dar solução” ao problema.

Conforme noticiado pela Alentejo Ilustrado, o Ministério da Saúde garante que será será “encontrada uma solução”, ainda que até ao momento, de um total de 60 utentes que se encontravam alojados nas casas de repouso casa de repouso José António Marques e Henry Dunant ainda 33 se encontram “por colocar em respostas sociais”.

Ler mais: Futuro de 36 idosos dos lares da Cruz Vermelha continua incerto

Em aberto está também o futuro dos 29 funcionários que ali trabalham, alguns dos quais com décadas “de casa”.

Fonte da Cruz Vermelha Portuguesa diz que a instituição se tem “empenhado ativamente na procura de uma solução para recolocação de todos os utentes”, compromisso que, de resto, assumiu aquando do anúncio do encerramento dos dois lares “devido às precárias condições físicas dos edifícios que não garantem a qualidade e serviço digno”. A instituição diz agora que “reitera” esse compromisso: “Adicionalmente às vagas já encontradas, foram identificadas 11 novas vagas e brevemente serão comunicadas mais seis às famílias. Num total de 17”. 

Já no caso dos trabalhadores, a Cruz Vermelha diz ter-lhe comunicado a “impossibilidade” de os recolocar noutras respostas sociais, mas diz ter estado “a efetuar contactos com grandes empregadores da região, com o intuito de encontrar soluções profissionais para o maior número de trabalhadores”. A mesma fonte assegurá que será garantido um “acompanhamento individualizado de cada trabalhador tendo em conta a sua situação socioeconómica”, podendo os trabalhadores.

Fotografia: ©Rádio Pax

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