A informação foi confirmada por fonte da Casa Fernando Pessoa. O velório decorrerá a partir das 11h00 do mesmo dia, na Igreja de São João Baptista do Lumiar.
Nascido em Portalegre, em 1938, Fernando J.B. Martinho foi uma figura marcante da cultura literária portuguesa. Licenciou-se em Filologia Germânica e doutorou-se em Literatura Portuguesa na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde lecionou durante várias décadas no Departamento de Literaturas Românicas. Foi responsável por cadeiras como Teoria da Literatura e Estudos Pessoanos, disciplina que fundou e dirigiu.
Ao longo de uma carreira académica distinta, com projeção nacional e internacional, Martinho conciliou o ensino com a produção literária e crítica. Publicou dois livros de poesia — “Resposta a Rorschach” (1970) e “Razão Sombria” (1980) —, tendo também participado em diversas antologias poéticas.
Foi leitor de Português nas universidades de Bristol (Reino Unido) e da Califórnia, em Santa Bárbara (EUA), dedicando-se com particular atenção à poesia portuguesa contemporânea e às literaturas africanas de expressão portuguesa. O seu trabalho crítico e ensaístico está disperso por inúmeras publicações e coletâneas literárias.
Fernando Martinho prefaciou obras de grandes nomes da literatura portuguesa, como Adolfo Casais Monteiro, António Ramos Rosa, Eugénio de Andrade e Urbano Tavares Rodrigues, deixando um legado sólido de leitura crítica e promoção do património literário nacional.
Na década de 1990, presidiu ao Centro Português da Associação Internacional dos Críticos Literários, tendo igualmente desempenhado funções como vice-presidente da estrutura internacional da mesma associação, sediada em Paris.
Coordenou, em 2004, para o Instituto Camões, a obra “Literatura Portuguesa do Século XX”, assumindo também a autoria do capítulo dedicado à poesia. Em 2015, foi distinguido com o Tributo de Consagração da Fundação Inês de Castro.
A comunidade literária despede-se agora de uma das suas vozes mais respeitadas, cujo percurso académico e intelectual deixou marca profunda na crítica literária portuguesa.