Segundo o jornal, que não obteve confirmação por parte da empresa, o Grupo De Prado “está a olhar” para o Vale da Rosa, empresa com 17 milhões de euros de dívida à banca e que se encontra em Processo Especial de Revitalização (PER).
A explorar mais de 30 mil hectares de oliveiras e amendoeiras em Espanha, Portugal, Chile e nos Estados Unidos, o Grupo de Prado mói todos os anos mais de 200 milhões de quilos de azeitona e ambiciona crescer além dos 12 mil hectares de amêndoa, para se tornar “um ator importante no mercado internacional” dos frutos secos.
Agora, segundo o Expresso, poderá também estar interessado em investir no Vale da Rosa, o maior produtor nacional de uva de mesa, juntando-se assim ao fundo de investimento Crest. Na origem dos problemas financeiros da empresa liderada por António Silvestre Ferreira estará uma “dependência excessiva” em relação à Jerónimo Martins, proprietária da cadeia de supermercados Pingo Doce.
“Não quiseram inovar, nem baixar o preço, nem vender para a marca própria dos supermercados e como outros também começaram a oferecer uva sem grainha, isso foi fatal”, comentou fonte do sector ao semanário.
O Vale da Rosa havia anunciado um volume de vendas na ordem dos 19 milhões de euros em 2023, ano em que vendeu 4500 toneladas de uva sem grainha, com um crescimento das exportações na casa dos 30%. A Jerónimo Martins era então o maior cliente, mas tudo mudou no final do ano passado.
“Fechou-nos a porta à boca da campanha. Há 25 anos que lhes fornecemos uvas”, disse António Silvestre Ferreira, em entrevista ao Negócios em outubro de 2024, quando a perspetiva de insolvência se começava a desenhar. Com créditos acima de um milhão de euros encontram-se diversas entidades bancárias, sobretudo o BPI, mas também o BCP, o Montepio, o Novo Banco, a Caixa Agrícola do Guadiana Interior e o BBVA.
A empresa explora 280 hectares de vinha, produzindo 13 variedades de uva de mesa com e sem grainha. Na altura das vindimas dá trabalho a cerca de um milhar de pessoas.