José Alberto Fateixa: “Não basta desejar”

A opinião do professor José Alberto Fateixa

1. Após algum tempo a exercer funções noutras áreas da educação, voltei à sala de aula na nossa escola secundária de Estremoz, e este regresso tem reforçado ideias que sempre tive.

A educação é um pilar essencial para o desenvolvimento e progresso de uma qualquer sociedade, e acredito que, quem tem de fazer escolhas e definir prioridades o faz com a melhor das intenções, mas demasiadas vezes são opções distantes das vidas reais das escolas e das comunidades.

Quem trabalha em educação sabe como a família pode fazer a diferença no rasgar de caminhos, na gestão de expetativas de vida e na consolidação de aprendizagens. O acompanhamento familiar de pais mais qualificados e atentos, ou as dificuldades de recursos que muitas famílias enfrentam são determinantes nos percursos de vida dos jovens.

Apesar de sermos um país pequeno em área, temos falhas de coesão com territórios muito desiguais, encarregados de educação com níveis formativos muito diferentes e os alunos com realidades sociais muito distintas (comprovável pelo número de alunos inseridos no apoio social escolar).

Nada de novo, se pelo meio não tivesse existido uma pandemia que juntou novos desafios, resultantes das marcas do período pandémico. As condicionantes das aprendizagens em idades fundamentais para a consolidação de conheci- mentos, as rotinas exigidas de olhar para os écrans, assim como a forma como foram afetados os normais relaciona- mentos interpessoais. Esta realidade colocou a necessidade de envolver recursos humanos especializados (técnicos sociais, psicólogos, terapeutas…) para dar resposta à diversidade de situações encontradas. Faz alguns anos, que o Ministério da Educação e municípios investem em técnicos especializados para trabalharem estes desafios.

Escrevo para sublinhar os tempos complexos com que nos defrontamos. Foco e intencionalidade de ações centrados na qualidade das aprendizagens dos alunos com uma aquisição consistente de competências de leitura, escrita e cálculo para permitir a consolidação de conhecimentos. Trabalho docente que deve ser acompanhado pelos alunos, estudando continuadamente as diversas áreas curriculares, mas também com o envolvimento comprometido dos pais e das famílias.

Numa sociedade tão competitiva e desigual a atenção e cuidado da família é muito importante no relevo da exigência do estudo e na reflexão sobre as vias de futuro. A ideia de que temos só direitos sem deveres, de que basta desejar para se conseguir, induz ao erro e é enganadora. Ser bem sucedido na vida pressupõe muito trabalho, ponderação de variáveis e a escolha de caminhos conscientemente possíveis. É esta a mensagem que diariamente tento passar aos jovens com que trabalho.

2. A Escola Secundária de Estremoz vai representar o distrito de Évora, pelo quarto ano consecutivo, no “Parlamento dos Jovem” na Assembleia da República, defendendo as suas propostas e participando no debate com jovens de todo o país. Parabéns a todos os envolvidos!

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