A peça “constrói-se articulando o percurso artístico de António Capelo com múltiplas vozes autobiográficas de atores que, ao longo dos últimos 200 anos, nos falam das suas inquietações, do modo como olham e são olhados e mesmo dos incontornáveis estereótipos da profissão, como o estatuto marginal, a intensidade ou a imagem boémia”.
Com texto de Zeferino Mota, dramaturgo residente da companhia do Teatro do Bolhão, o monólogo “estrutura-se como uma confissão que celebra o teatro em tempos conturbados, mas também a sua memória encantada, os seus traços de identidade, a sua força de resistência numa sociedade em que todos têm direito a ser alguém”.
“Zeferino Mota escreve no nosso Ninguém que, alguém atrever-se a separar as gerações, é como se quisesse recomeçar o próprio homem no meio da sua vida. Embora esteja já um pouco mais adiante do meio da minha vida, recomeçar é como se fosse a palavra que tem orientado todo o meu percurso profissional. E é neste recomeçar que me descubro ainda mais tenso do que da primeira vez. Como se a consciência da partilha do acto criativo fosse um dever que me aproxima da vida”, refere António Capelo, num texto de apresentação da peça.
“A enorme aventura que é viver, só é comparável à alegria que é descobrir, descobrir-nos, olhar-nos, enganar-nos e, no nosso engano, caber todo o mundo”, acrescenta António Capelo.
A peça será exibida esta noite, no Salão Central Eborense, no âmbito da segunda edição do Évora Teatro Fest, promovido por A Bruxa Teatro.