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O homem do acordeão que fundou uma orquestra

Tem 28 anos e mais de 20 dedicados à música, em particular ao acordeão. Professor deste instrumento na Escola de Música do Município de Avis, fundou uma orquestra que mobiliza homens e mulheres de todas as idades.

Aníbal Fernandes (texto)

Não se lembra com exatidão que idade tinha quando começou a tocar acordeão. Certo é que, desde que nasceu, ouvia o avô Mariano tocar a concertina, instrumento em que deu os primeiros passos. Até que um dia apareceu lá em casa um acordeão e começou “de forma intuitiva a tocar umas melodias”, conta Carlos Poeiras. 

Ainda antes de fazer 10 anos começou a estudar o instrumento. Primeiro com Maria Adélia Botelho, em Sousel e Avis; depois com Claudina de Sousa, em Pegões, finalmente na capital, no Instituto de Música Vitorino Matono, professor de acordeão, tal como ele, nascido nas terras do Mestre.

“O meu objetivo foi, desde sempre, estudar em Lisboa, mas os conhecimentos teóricos – leitura de pauta, por exemplo – eram incipientes”. Ultrapassado esse impedimento, fez as provas de acesso ao instituto e entrou diretamente para o 4.º grau.

Simultaneamente frequentava a Orquestra Juvenil de Avis, dirigida pelo maestro Francisco Carrageta, onde aprendeu a tocar de tudo um pouco: baixo, guitarra, bateria, piano. Aos 15 anos, Carlos, os irmãos Tiago e Gonçalo Garrinhas, Rui Oliveira e Nélson Feiteira já animavam as festas e bares na região, com a banda Groove.

No entanto, era o acordeão o seu instrumento principal e, individualmente, começou a participar em festivais um pouco por todo o país, com destaque para o Campeonato de Alcobaça – agora com estatuto internacional –, onde foi vencedor em diferentes categorias.

A “cereja no topo do bolo” aconteceu em Itália, em Castelfidardo, num campeonato mundial, onde se bateu com concorrentes de diversos países e logrou, à primeira participação, passar à segunda fase do concurso, tocando os temas “Brahms Smile”, do compositor russo Victor Vlasov e “Corridinho do Montinho”, do seu professor Vitorino Matono.

Com o curso acabado começou a dar aulas particulares, até que integrou o núcleo de professores da Escola de Música do Município de Avis, com António Vilas Boas e Euclides Silva. Começou com meia dúzia de alunos, mas já chegaram a ser 25, entre homens e mulheres, com idades entre os 8 e os 92 anos.

Daí até à constituição da Orquestra de Acordeão Mestre de Avis foi um passo. “Já tinha participado na orquestra do Matono, mas aqui não havia essa tradição. Tive de fazer os arranjos para cada um dos naipes”, explica Carlos Poeiras. Sempre com o apoio da Câmara Municipal de Avis, a orquestra já participou em vários festivais e até foi premiada, duas vezes, em Alcobaça. “Agora já se pode dizer que há uma cultura do acordeão em Avis”, afirma.

Pelo meio, anualmente, é o responsável pelo Festival de Acordeão de Avis – que vai na sexta edição – e que agora tem o nome de Joaquim José Rato, um popular músico da terra falecido há uns anos.

INFLUÊNCIAS

Para além do já citado avô paterno e dos pais Manuel e Amélia – que tudo fizeram para que concretizasse o seu sonho –, Carlos Poeiras refere, como exemplo a seguir, João Barradas e João Frade, dois instrumentistas portugueses de nível mundial. Mas, também ele, já partilhou o palco com grandes nomes da música portuguesa, nomeadamente, com Rodrigo Leão, Gabriel Gomes ou Celina da Piedade.

Este ano, na primavera, realizou-se a segunda edição do espetáculo Poesiavis, uma ideia de Carolina Leão que contou com a colaboração dos músicos já citados, dos atores Miguel Borges e Paulo Roque, de Maria Vitória e, pela primeira vez, da Orquestra de Acordeão do Município de Avis. É escusado dizer que foi um sucesso.

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