“Queremos afirmar Monsaraz Museu Aberto como um festival de qualidade”

Em entrevista à Alentejo Ilustrado, António Fialho, vereador da cultura na Câmara de Reguengos de Monsaraz, diz que o relançamento do Monsaraz Museu Aberto tem objetivos bem definidos: afirmar o evento como um “festival de qualidade” e “atrair turistas” de segmento médio-alto ao concelho. Luís Godinho (texto) e João Frutuosa (fotografia)

Há palestras a um ritmo diário. Esta terça-feira, pelas 17h00, a conversa estará centrada sobre “O extensivo e intensivo na paisagem do Alentejo. Transformações, valor e futuro”, juntando à mesma mesa Teresa Pinto Correia e José Muños-Rojas, do MED – Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento, que integra 428 investigadores das Universidades de Évora e do Algarve e do Politécnico de Beja, e Marta Cortegano, presidente da Associação Terra Sintrópica, cujo perfil já foi traçado na Alentejo Ilustrado. Mas às palestras juntam-se as manifestações culturais, sendo que hoje a noite será de dança.

Em entrevista à Alentejo Ilustrado, António Fialho, vereador da cultura na Câmara de Reguengos de Monsaraz, diz que o objetivo é afirmar o Monsaraz Museu Aberto como um “festival de qualidade”, para também dessa forma atrair turistas de segmento médio-alto à região.

Há uma componente muito acentuada de reflexão sobre o uso da terra e as alteração das paisagem… 

… há uma grande necessidade de nós tomarmos consciência sobre as consequências das alterações climáticas, das alteração da nossa paisagem com a introdução de culturas intensivas. Olhe, o recital de piano no Olival da Pega [domingo, dia 21, às 19h00] será também um grito de alerta para a importância daquela paisagem, para a necessidade de proteção daquele local. Devemos proteger, dar valor à nossa cultura, à nossa identidade.

Já iremos aprofundar um pouco mais estas temáticas. Antes, peço-lhe alguns destaques artísticos do Museu Aberto deste ano?

Tentamos cruzar a cultura que temos, com outra à qual quereríamos ter mais acesso. Daí as atuações da Banda Filarmónica de Reguengos, dos Grupos Corais de Reguengos e de Monsaraz, também da dança, com o Grupo de Dança Contemporânea Sénior da Freguesia de Monsaraz e do ADAP-SAR Danças Urbanas de Reguengos de Monsaraz [hoje, a partir das 21h00]. A Gala do Cante [domingo, dia 21, às 21h00 no castelo de Monsaraz] é uma manifestação cultural nossa, que acontece todos os anos, e que desta vez terá a participação da Teresinha Landeiro [fadista], também do Manuel Sérgio e do José Farinha.

E, depois, há a tal outra vertente?

Como é o caso do concerto de piano no Olival da Pega, mas também do recital de cravo por Cristiano Holtz na Igreja de Santiago [sexta-feira, dia 19, às 21h30] ou do de harpa por Angélica Salvi [quinta-feira, dia 18, 21h00], no mesmo local. É a tal cultura à qual queríamos ter mais acesso e de facilitar esse acesso às pessoas aqui da nossa região, sobretudo aos jovens. Foi tudo isto que presidiu à construção do Monsaraz Museu Aberto deste ano, certame que vai continuar a ser bienal e que queremos que se afirme como um festival de qualidade, que chegue a um turismo médio-alto, com poder económico. 

Para isso acredito que as palestras, e que essa reflexão sobre a identidade do Alentejo que aqui é proposta, ajudará a fazer a diferença.

Talvez algumas pessoas achem que são uma seca, mas não o são. Estas palestras, estas conversas, promovem a criação de momentos de reflexão e de análise sobre o que está a acontecer com a agricultura, com o turismo, com a arquitetura. É importante pensarmos sobre estes temas. E ao fazê-lo neste contexto estamos também a promover a cultura, não apenas o entretenimento. Enquanto estamos entretidos tudo nos pode passar ao lado, nem damos por isso. Aqui a aposta é na cultura, na reflexão. Num festival pensado para quem vem de fora, mas também para as pessoas do concelho e, em particular, para as da freguesia de Monsaraz.

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