Relatório europeu expõe fragilidades na preparação de Évora 2027

Um painel de peritos da Comissão Europeia considerou que a Capital Europeia da Cultura (CEC) Évora 2027 registou “progressos notáveis”, mas manifestou preocupação com o “cronograma de implementação comprimido” e “o número de tarefas importantes ainda pendentes”.

Apesar dos “progressos notáveis” reconhecidos pela Comissão Europeia, o mais recente relatório de monitorização da Capital Europeia da Cultura (CEC) Évora 2027 levanta sérias preocupações sobre a viabilidade e o ritmo de execução do projeto. O documento aponta um “cronograma de implementação comprimido” e um “número de tarefas importantes ainda pendentes”, a menos de dois anos do arranque oficial.

O segundo relatório de acompanhamento, datado de 22 de julho e publicado na página oficial da Comissão Europeia, elogia os avanços desde a última avaliação, nomeadamente na “constituição da sua equipa principal, aperfeiçoamento do programa artístico e estabelecimento de parcerias nacionais e internacionais”. Ainda assim, os peritos alertam para os impactos dos “atrasos iniciais causados por mudanças na liderança e pela reestruturação administrativa”.

A nomeação dos diretores executivo e artístico, bem como a “gradual operacionalização de mecanismos essenciais, como o acompanhamento, os concursos públicos e as comunicações”, são vistos como “pontos de viragem importantes”. Contudo, subsiste um alerta: “[Vimos com] preocupação o cronograma de implementação comprimido e o número de tarefas importantes ainda pendentes nesta fase”.

Entre os pontos críticos, o relatório refere “a contratação, finalização do financiamento, entrega de infraestruturas e envolvimento significativo da comunidade e da Europa”. O painel admite que “o compromisso das autoridades públicas, incluindo o apoio político a nível nacional, proporciona uma base sólida”, mas sublinha que esse apoio “deve agora traduzir-se numa aceleração da execução em todas as frentes”.

Alguns dos projetos previstos no ‘bidbook’ encontram-se concluídos ou em curso, com financiamento assegurado através do Plano de Recuperação e Resiliência. No entanto, outros continuam “sem financiamento ou com atrasos”, como o Centro Cultural de Utilizações Múltiplas e o Centro Nacional de Dança Contemporânea. Como alternativas, a associação equaciona “a utilização de espaços existentes, como a Arena, ou de locais temporários”.

Para mitigar os riscos, a equipa responsável por Évora 2027 está a preparar “estratégias de contingência para lidar com atrasos, incluindo ‘listas B’ de projetos adaptáveis e infraestruturas portáteis”.

O relatório revela ainda que “85% dos projetos permanecem em fase de pré-contratação”, embora a associação garanta que todos os contratos estarão assinados até setembro. O programa completo só será anunciado em setembro de 2026, um ano antes do início oficial.

No plano internacional, foram confirmadas colaborações com entidades como a Ars Electronica (Áustria), iMAL (Bélgica), Bienal de Dança de Lyon (França) e outras Capitais Europeias da Cultura. Contudo, o painel refere que “algumas parcerias mencionadas não eram verificáveis”.

A dimensão financeira também suscita dúvidas. Os “10,5 milhões de euros garantidos pelo município ainda não foram transferidos para a associação e continuam em discussão entre as duas entidades”.

Apesar das fragilidades apontadas, os peritos reconhecem a “importância de envolver as organizações da sociedade civil na iniciativa” e destacam “os esforços intensos e focados da equipa”. A fechar, admitem que “Évora 2027 está no caminho certo”.

Em reação, a Associação Évora 2027 afirmou, em comunicado, que “esta avaliação reforça a confiança no caminho construído e traduz-se na motivação para continuar o trabalho com grande sentido de responsabilidade”.

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