Instituído pela Fundação Mário Soares e pela EDP, o prémio foi entregue a Carolina Pereira Henriques – investigadora da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, que desenvolveu uma tese sobre refugiados nas zonas de ‘residência fixa’ da região Centro (1940-1946). Mas o júri decidiu atribuir uma menção honrosa à tese sobre a UNITA de João Fusco Ribeiro, da Universidade de Évora, intitulada “História da UNITA: da Fundação ao Acordo de Alvor (1966-1975)”.
Especialista em historiografia africana, João Fusco Ribeiro é doutorado em história contemporânea pela Universidade de Évora. No seu trabalho académico, o investigador defende que “a memória histórica relativa à UNITA continua refém de narrativas construídas durante a Guerra Fria”.
“Por um lado, o movimento é apresentado como uma organização sem dinâmicas internas, instrumentalizado pelos interesses do Ocidente e pelas forças reacionárias da África Branca. Por outro, existe uma narrativa de legitimação da organização em função da sua luta contra a influência soviética e cubana na África Austral”, sublinha.
“Têm existido cada vez mais trabalhos a concurso, abordando temáticas muito variadas, o que reflete bem a vitalidade da investigação que tem sido realizada sobre Portugal e que é fundamental valorizar”, assinala Isabel Soares, filha do antigo Presidente da República e presidente do conselho de administração da Fundação Mário Soares.
Para o coordenador do programa de comemorações do centenário do nascimento de Mário Soares, o escritor José Manuel dos Santos, o prémio tem em todos os anos consolidado o seu prestígio e alargado o seu alcance. “Ao promover a investigação historiográfica, este prémio contribui também para uma maior consciência dos desafios do nosso tempo e é um valioso instrumento de passagem de testemunho às novas gerações”, defende.
O Prémio Mário Soares foi instituído em 1998, tem o valor de cinco mil euros e visa sobretudo galardoar autores de teses e dissertações ou de outros trabalhos de investigação originais realizados no âmbito da história contemporânea de Portugal.
Desde 2011, este prémio conta com o apoio da Fundação EDP, tendo em vista a divulgação da história de Portugal Contemporâneo e, mais especificamente, na promoção de trabalhos realizados por jovens investigadores.
De acordo com a Fundação Mário Soares e Maria Barroso, desde que foi instituído, entre mais de três centenas de trabalhos, foram atribuídos 29 prémios e 42 menções honrosas, a maioria das quais a teses de doutoramento e com ligeiro predomínio para autores do sexo feminino.